O pastor André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, entrou em uma nova polêmica envolvendo a comunidade LGBTQIAP+. O religioso se revoltou ao tocar no assunto de casamento entre pessoas do mesmo gênero e incitou fiéis a matarem pessoas LGBTQIAP+.
Durante um culto, o irmão de Ana Paula Valadão incitou o ódio contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, alegando que a parada LGBTIQIA+ seria um show de horror.
“A porta que se abriu para o casamento homossexual, homoafetivo, não é um mero casamento. ‘Mas eles se amam, Jorjão com Jorjão, Therezinha com Therezinha […] ai, não, o que vale é toda forma de amor. Deixa casar, deixa viver’. Hoje você nas Paradas homens e mulheres nuas, com seus órgãos genitais completamente expostos, dançando na frente de crianças. Aí você horroriza”, disse.
Em seguida, o pastor choca não só os fiéis, mas também os internautas que descobriram o comentário de André. Na ocasião, o líder religioso convoca os evangélicos a matarem as pessoas LGBT.
“Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal aquilo que a Bíblia já condena. Agora é hora de tomar as cordas de volta e dizer: ‘não, pode parar, reseta’. Aí Deus fala, ‘não posso mais, já meti esse arco-íris, se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então, agora está com vocês’. Você não pegou o que eu disse: agora está com você. Eu vou falar de novo: está com você”, disparou.
Por causa da declaração homofóbica, o Senador Fabiano Contarato (PT-ES) abriu uma representação no Ministério Público Federal, solicitando a investigação criminal contra Valadão, que pode, inclusive, levá-lo à prisão.
“Por tudo que sou, pelo que acredito, pela minha família e por tudo que espero para a sociedade, não posso me calar diante do crime praticado por André Valadão. Vamos representar criminalmente para que ele responda por manipular a fé e incitar a violência”, disse o senador.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL) apresentou uma notícia crime no Ministério Público de Minas Gerais após as falas LGBTFóbicas de André Valadão. Segundo Erika Hilton, o trecho representa “incitação direta aos seus fiéis relacionada à morte de pessoas LGBT”. A deputada menciona outra denúncia enviada ao MP-MG no último dia 5 de junho contra o pastor, que realizara no dia anterior um culto com o tema “Deus Odeia o Orgulho”, em referência à população LGBT.
“NÃO FOI BEM ASSIM”
Após as declarações criminosas e sob o risco de ser preso, André Valadão decidiu recuar e publicou um vídeo em que tenta se explicar por incitar um discurso de ódio e violência, adotando um tom completamente diferente do observado no vídeo do culto em questão.
Valadão aparece calmo, falando com a voz baixa e dizendo que sua fala: “Aí é com vocês”, não foi sobre “matar pessoas”.
Segundo André Valadão, a imprensa estaria “distorcendo” sua pregação e tentado censurá-lo. “Nunca será sobre matar pessoas, Deus nos livre deste terrível pecado, violência ou discriminação, mas sobre a liberdade de viver o que crê. A série #censuranao é sobre isso, e a cada dia que passa vemos leis, mídias, educação e um sistema mundial tentando acuar a verdade da fé que um cristão genuíno carrega”, escreveu na legenda do vídeo em questão.
Essa não é a primeira vez que o pastor é acusado de incitar o ódio contra a população LGBTQIAP+. Em junho, durante um culto na mesma igreja em Orlando, por exemplo, ele comparou gays a criminosos. A deputada federal Erika Hilton protocolou uma denúncia contra André Valadão no Ministério Público de Minas Gerais por crime de homotransfobia.