O escritor Paulo Coelho criticou a atuação do governo Bolsonaro e do seu chanceler Ernesto Araújo, que bajularam Donald Trump e apoiaram o assassinato do general iraniano Qassem Suleimani pelo presidente dos Estados Unidos.
“Eu não sei se Ernesto Araújo é um ser humano a serviço do caos, ou se é simplesmente alguém que não consegue pensar de maneira independente. Seja como for, ele já cavou a própria cova, e será enterrado nela cedo ou tarde”, escreveu Paulo Coelho no Twitter.
Segundo o escritor, o “pau-mandado do Ernesto Araújo para manter seu cargo não teve coragem de dizer ao patrão que era uma ideia imbecil chamar o general assassinado de terrorista”.
Depois da fala de Bolsonaro, o Itamaraty chegou a fazer um comunicado citando Suleimani como general. “Agora meteu o galho dentro, dizendo que ‘não era bem isso’, mas é tarde”, comentou Paulo Coelho.
Bolsonaro, além de apoiar o atentado terrorista de Trump, desrespeitou a memória do militar iraniano, afirmando que ele era “terrorista” e não general. “A questão lá dos Estados Unidos e Iraque, o general lá, que não é general, e que perdeu a vida, não trouxe um impacto grande por aqui”, declarou Bolsonaro.
Em uma transmissão ao vivo, na tarde da quarta-feira (8), Bolsonaro voltou a adular Trump e sugeriu que o general era um “terrorista”, como dizem os EUA. “A nossa Constituição aqui diz no art. 4 ‘A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios a defesa da paz e no repúdio ao terrorismo’, disse ele.
Bolsonaro escondeu outros princípios do artigo 4 da Constituição, que são explicitamente contrários ao apoio dele ao terrorismo de Trump. São eles:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
O item VIII é “repúdio ao terrorismo e ao racismo;” e depois vêm mais dois itens:
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
O ex-ministro do Meio Ambiente, deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), concordou com o escritor Paulo Coelho, também no Twitter. “Araújo e BolsoNero destruíram a tradição de excelência do Itamaraty. Nas questões do Clima, de Direitos Humanos, na histórica independência face aos EUA. Araújo se enterra, mas avilta esse legado de profissionalismo diplomático, admirado por todos”, declarou.