
Os interesses do núcleo bolsonarista com a privatização da maior empresa de Saneamento da América Latina, a Sabesp, começam a ficar mais claros. Enquanto o ex-ministro de Bolsonaro e atual governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), corre para tentar viabilizar a entrega da Sabesp, outros dois nomes fortes do governo anterior manifestam interesse em adquirir uma parcela da estatal e assumir o controle da empresa.
A gestora de fundos de investimento Yvy Capital, que tem como sócios o ex-ministro de Bolsonaro, Paulo Guedes (Economia), e Gustavo Montezano, ex-presidente do BNDES, fechou acordo com a Aegea Saneamento para participar de um consórcio que quer abocanhar parte da Sabesp.
A Yvy Capital, em parceria com a Aegea Saneamento, busca desbloquear investimentos nacionais e internacionais para projetos de economia de baixo carbono, que é a área de atuação que a Yvy Capital busca fazer negócios. Além da Yvy, estão entre os possíveis parceiros as gestoras Perfin e Kinea, Itaúsa e o GIC (fundo soberano de Singapura).
Votorantim, Veolia, Equatorial, Cosan e a holding dos irmãos Batista J&F, também pretendem disputar parte do controle da Sabesp.
Desde que assumiu o governo, Tarcísio demonstrou interesse em se desfazer das principais empresas de São Paulo com o objetivo de agradar aos seus amigos sanguessugas. Mesmo sem ter colocado este tema nas eleições, ele já anunciou interesse em privatizar a CPTM, o Metrô, a Sabesp e, mais recentemente a Fundação para o Remédio Popular (FURP), a maior fabricante de remédios do país.
Segundo um “comunicado ao mercado”, a Aegea se prepara para adquirir metade dos 30% das ações da Sabesp disponíveis no mercado.
Hoje, o governo paulista detém 50,3% das ações da companhia, que é a principal empresa do plano de privatizações do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governo paulista pretende entregar pra iniciativa privada 30% dos 50,3% que detêm, deixando o controle da empresa majoritariamente no setor privado.
Para avançar a privatização, é necessário apoio legislativo, especialmente da Câmara Municipal de São Paulo, onde os vereadores buscam discutir amplamente o processo de desestatização e não ceder a pressão do governo do Estado para entregar rapidamente a companhia para a iniciativa privada.
Maior empresa privada de saneamento do País, a Aegea atua em 505 cidades, 14 estados e atende 31 milhões de pessoas. No ano passado, a empresa venceu o leilão de privatização da Corsan, a estatal de saneamento do Rio Grande do Sul, e levou a concessão do serviço de água e esgoto da cidade mineira de Governador Valadares. Com previsão de investimentos de R$ 4 bilhões para este ano, a Aegea também quer abocanhar a empresa de saneamento de Sergipe em 2024.