
Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por ter lavado R$ 100 milhões oriundos de propina paga por empreiteiras. Paulo Preto foi condenado duas vezes, ambas em março. No total, sua pena é de 172 anos.
A denúncia aponta que Paulo foi um dos operadores financeiros do esquema de empreiteiras que assaltou a Petrobrás. Um grupo seleto de empreiteiras, que se denominou “Clube do Bilhão”, estabeleciam acordos de não concorrência para conseguirem contratos superfaturados. Entre elas estavam a Odebrecht, OAS, a Andrade Gutierrez, a UTC, a Camargo Corrêa e outras.
Para que houvesse um superfaturamento nos contratos, essas empreiteiras pagavam propinas de 1% para os diretores da Petrobrás. Além deles, recebiam propina os políticos que os indicavam e controlavam indiretamente as ações da estatal.
Paulo Preto era um dos operadores financeiros que atuava no esquema. Fazendo parte da “equipe” de operadores, seu papel no esquema era operacionalizar o pagamento de propinas e movimentar dinheiro dentro e fora do país, através de offshores. Mais especificamente, Paulo era o operador da propina paga pela Odebrecht, gerando valores de “caixa dois” que serviriam de propina.
A própria casa de Paulo Preto era utilizada como centro de distribuição de propinas. Ele “dispunha de exorbitante quantidade de valores em espécie (ao menos R$ 100 milhões) alocados em imóveis em São Paulo. A existência dessa quantia de dinheiro vivo mantida por Paulo foi revelada por operadores financeiros que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal”, afirma a denúncia.
Um dos colaboradores, Adir Assad afirmou que já buscou dinheiro na casa, situada na Vila Nova Conceição, em São Paulo, e nela viu uma perua carregando de 12 a 15 malas, com R$ 1,5 milhão em cada. Outros funcionários da empresa de Adir, a Rock Star, também retiraram quantias em um apartamento na Av. Brigadeiro Luis Antônio. Entre 2010 e 2011, o colaborador afirmou ter retirado entre R$ 100 e 110 milhões.
Outras delações, como as de Marcelo Abbud e Samir Assad, corroboram com as afirmações de Adir.
O MPF explica que “de posse de tamanha quantia de dinheiro vivo e a fim de se proteger de possíveis investigações, [Paulo Preto] buscava remeter esses valores, ao largo do controle das autoridades, para o exterior. Para tanto, disponibilizava dinheiro em espécie a operadores financeiros no Brasil em troca de receber os valores correspondentes no exterior”.
Este esquema de evasão de divisas, denominado dólar-cabo, exigia a participação de diversas empresas para tentar esconder a movimentação.
Em 19 de fevereiro, Paulo Preto foi preso preventivamente, e até agora permanece em cárcere. Desde então, ele foi condenado em dois processos, ambos ligados à corrupção que estabeleceu dentro da Dersa (estatal rodoviária paulista). A condenação foi a 27 anos, devido à obstrução de Justiça. A segunda, de 145 anos, corresponde à inserção de dados falsos em bancos de dados públicos, que resultou no desvio de recursos de indenização.
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