Ele queria anunciar, na segunda-feira (18), com toda pompa e circunstância, a sua ‘monumental’ operação logística – semelhante a do oxigênio de Manaus, para só, então, começar a distribuir as vacinas para os estados. Disse que vai entrar na Justiça contra o Butantan por ter aplicado as primeiras doses
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, revelou, na entrevista coletiva deste domingo (17), logo após a aprovação emergencial das vacinas CoronaVac, do Instituto Butantan e Sinovac e Oxford/AstraZeneca, que não está nem um pouco preocupado com as mais de mil pessoas que estão morrendo diariamente vítimas da Covid-19. Ficou furioso porque o governo de São Paulo, ao contrário dele e de Bolsonaro, começou imediatamente a vacinar a sua população.
“Poderíamos num ato simbólico ou numa jogada de marketing iniciar a primeira dose em uma pessoa, mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso”, acrescentou o ministro.
Ele afirmou que a aplicação da primeira dose da vacina em São Paulo é “uma questão jurídica”. Uma insinuação clara de que vai continuar atrapalhando o início da vacinação em todo o país justicializando o contrato com o Butantan, o único fornecedor real de vacinas até agora.
Mal sabe ele que os governadores e prefeitos de todo o país estão muito, mas, muito preocupados mesmo, na verdade, é com a sua “expertise” em logística. Haja visto a lambança que o general intendente e ministro fez com os torpedos de oxigênio para Manaus.
O que irritou o ministro de Bolsonaro? A imagem de uma enfermeira do hospital Emílio Ribas, Mônica Calazans, que está há oito meses na linha de frente do combate ao coronavírus, tomando a primeira dose da vacina do Butantan no Brasil. Que chato. Tinha uma solenidade marcada para segunda-feira (18) à tarde, no Palácio do Planalto, para anunciar, junto com seu chefe, a “complexa” operação de logística que estaria sendo montada com a vacina do Butantan.
Na própria entrevista, ele começou a explicar a um repórter como seria a “operação”. Na segunda, a solenidade, na terça, ele colocaria bandeirinhas nas caixas de vacina, uma para cada estado, explicou. Depois, acionaria os aviões da FAB – talvez os mesmos que estão carregando oxigênio para Manaus e pacientes para outros estados – para, a partir da quarta feira (20), começar a enviar as vacinas, com as bandeirinhas, para os estados e, se possível, na quinta-feira (21), se tudo der certo, começar a vacinar.
Pouco importa para o ministro que, com essa demora toda, mais cinco mil pessoas morrerão nesse período, devendo o país passar da marca dos 210 mil mortos. O importante é fazer a sua demagogia, aliás, dele só não, de Bolsonaro, principalmente, que só pensa nisso e em mais nada. Afinal, Pazuello, como ele mesmo disse, só obedece ordens. Imagine se São Paulo pode começar a imunizar antes das bandeirinhas enfiadas nas caixas. Isso é inadmissível para o “general da logística”.
Ele ficou furioso e vai entrar na Justiça. “Todas as vacinas produzidas pelo Butantan estão contratadas de forma integral e de forma exclusiva para o Ministério da Saúde e para o PNI, todas, inclusive essa que foi aplicada agora. Isso é uma questão jurídica. Não vou responder agora, porque a Justiça que tem que definir. Como foi feita a entrega sem ter feito a liquidação nos nossos depósitos, para depois para a distribuição para o estado”, afirmou Pazuello.
“Isso é uma questão que sai, vai para o lado do contrato efetuado. Tudo o que tem no Estado de São Paulo no Butantan é contratado pelo Ministério da Saúde, pago pelo SUS, pago pelos senhores. E o contrato, é claro, ele é de exclusividade, de 100% das doses”, disse o general da intendência. Quem sabe, com essa judicialização imbecil, pretendida pelo Planalto, Bolsonaro possa começar a vacinação dos brasileiros só daqui a algumas semanas com os dois milhões de doses da vacina da AstraZeneca, que o governo federal importou da Índia mas ainda não recebeu.
Ninguém quer esperar mais nada. Ninguém quer assistir em seus estados às imagens dramáticas das mortes de Manaus, provocadas pela “operação de logística” do general Pazuello. Estão todos ansiosos para se imunizar o mais rapidamente possível contra o vírus. É isso que moveu as autoridades de São Paulo a acelerar a imunização.
Pazuello queria que São Paulo entregasse as vacinas produzidas na capital para o Ministério da Saúde que, por sua vez, embandeiraria e mandaria a parte de São Paulo das doses para o estado e a partir daí começar a vacinação na capital, litoral e interior. Nunca, com nenhuma outra vacina produzida pelo Butantan – e olhe que são muitas, isso aconteceu. É de uma ignorância só compreensível para quem assistiu ao horror nas portas dos hospitais no Amazonas.
Querer levar as vacinas, para depois devolvê-las, atrasando em vários dias o início da vacinação, é típico de quem está contra a vacina e está se lixando para as mortes. É típico de genocidas que acham que a pandemia é uma gripezinha, que as pessoas devem se infectar mais para se proteger, a chamada imunidade de rebanho. São os mesmos que chamam de “maricas” os que defendem o uso de máscaras.
Na mesma semana em que Pazuello se deslocava para Manaus e dizia que não havia aviões para levar oxigênio para a capital do estado, ele criava uma “força-tarefa” para fiscalizar se os postos de saúde do estado tinham cloroquina, ivermectina, azitormicina, annita e outras drogas sem comprovação para o tratamento da Covid-19.
Para encerrar a entrevista, Pazuello disse, ainda, que “é muito provável” que o Ministério consiga receber as vacinas da Índia. E é “possível” também que ele consiga “coordenar a entrega” das 2 milhões de doses que foram adquiridas pelo Brasil da vacina de Oxford/AstraZeneca feitas pelo Instituto Serum, da Índia.
“Numa conversa ainda em nível diplomático ficou claro que a Índia ia começar sua vacinação no sábado (16) e que seria interessante que essa saída das doses da Índia (fosse) após o início da vacinação, um dia, dois dias. Hoje é o primeiro dia após o início da vacinação”, afirmou. Foi essa a promessa que ele fez também sobre o oxigênio aos amazonenses.
S.C.
quando vamos ficar livres desse maluco e desse presidente assassino, meu DEUS