O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse à CPI da Pandemia que nunca tinha lançado o aplicativo TrateCov, que orientava os médicos a receitarem cloroquina para todos os pacientes com Covid-19.
O lançamento, que aconteceu no dia 11 de janeiro, foi noticiado pela TV Brasil e havia uma chamada para o aplicativo no site do Ministério. Manaus (AM), cujo sistema de saúde tinha colapsado por conta da pandemia, foi usada de cobaia do aplicativo.
Segundo Pazuello, um hacker teria divulgado o aplicativo, e que o mesmo não estava pronto.
Porém, um documento obtido pelo Antagonista, através da Lei de Acesso à Informação, diz que a ação de um hacker no sistema do Ministério da Saúde só teria acontecido 17 dias depois do lançamento do aplicativo.
“Informamos que na madrugada do dia 28/1/21 foi identificada uma possível disponibilização não autorizada da Plataforma Digital TrateCov Brasil”, diz uma nota técnica produzida pela Secretaria chefiada pela “Capitã Cloroquina”, Mayra Pinheiro.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, autorizou que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, não respondesse perguntas que o comprometesse. Além disso, o blindou de ser preso durante depoimento.
“VÍRUS” NO COMPUTADOR
Carlos Murillo, executivo da Pfizer, disse, em depoimento à CPI da Pandemia, que sete propostas de venda e pelo menos 10 emails enviados ao Ministério da Saúde e para Jair Bolsonaro não foram respondidos.
Elcio Franco, que era secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Pazuello, deu uma justificativa tosca e disse que não respondeu às propostas por conta de “um problema de vírus em nossa rede do Ministério da Saúde”.
O vírus teria “dificultado ou até impedido o acesso aos arquivos enviados até a presente data, assim como sua respectiva análise”, disse Élcio no dia 10 de novembro.
As propostas, que previam a entrega de 30 e 70 milhões de doses de vacina, estavam sendo enviadas pela Pfizer ao governo Bolsonaro desde o dia 14 de agosto.