O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teve seu pedido de demissão fortemente noticiado na manhã deste domingo (14), mas, oficialmente, o Ministério diz que Pazuello ainda é o ministro. A informação da demissão chegou a ser publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo site UOL.
Segundo consta, Pazuello alegou problemas de saúde para solicitar sua demissão.
Entretanto, em nota da assessoria, Pazuello desmentiu: “Não estou doente, o presidente não pediu o meu cargo, mas o entregarei assim que o presidente pedir. Sigo como ministro da saúde no combate ao coronavírus e salvando mais vidas”.
De acordo com as informações, Bolsonaro esteve reunido com a médica Ludhmila Rajjar, cotada para assumir o posto, no Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência da República em Brasília (DF), desde as 14 h do domingo.
Caso seja consumada sua saída, Pazuello é o terceiro ministro da Saúde que Bolsonaro sacrifica com sua política de atraso, obscurantista, negacionista, de sabotagem às vacinas e às medidas de prevenção contra o coronavírus.
Além de ser contra as vacinas, Bolsonaro tentou impor a adoção de remédios sem eficácia contra a Covid-19, como cloroquina e hidroxicloroquina, enquanto Pazuello seguiu essa política genocida no Ministério.
Antes de Pazuello, saíram do cargo por não se submeterem às ordens retrógradas de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
As informações sobre suposta saída de Pazuello do cargo ocorrem em meio a pedidos de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado e de investigação da sua caótica gestão, justamente por fazer o que Bolsonaro queria que fizesse e que os outros dois ex-ministros se recusaram a fazer.
Sua gestão continua constrangendo setores, inclusive, das Forças Armadas a que pertence.
Um dos casos mais graves da gestão Pazuello, em relação à pandemia, foi a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus (AM), em janeiro, quando, pelo menos, 30 pessoas morreram, em dois dias, asfixiadas pela falta de oxigênio sem que o governo federal se mobilizasse para solucionar o problema.
Na verdade, ignorou os avisos de colapso e preferiu fazer propaganda da cloroquina, ou do “tratamento precoce” contra a Covid nos hospitais de Manaus.
REPERCUSSÃO
Parlamentares, governadores e políticos comentaram nas redes sociais a possível saída de Pazuello do Ministério da Saúde.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), declarou que o problema não está nos ministros, mas em Bolsonaro.
“Parece que vamos para o 4º ministro da saúde em 1 ano. Mais um recorde espantoso e mais uma prova de que o problema principal está em outro lugar: em quem não sabe nomear ou atrapalha quem é nomeado”, escreveu no Twitter.
“Era previsível. O governo irresponsável e incompetente trabalhou para manchar a imagem de nossas forças armadas, que deveriam resguardar nossa soberania, mas estão sendo manipuladas. Qual será a próxima instituição que Bolsonaro vai tentar desmoralizar?”, comentou o senador Cid Gomes (PDT-CE).
A ex-ministra Marina Silva (Rede) comentou: “Se Pazuello tivesse consciência humanitária, não teria assumido cargo ciente de que não tinha nenhuma competência para liderar. Enquanto Pazuello estava atingindo de morte milhões de brasileiros Bolsonaro o sustentou e quando começou a perder votos, seu comandado ‘pediu pra sair’”.
O líder da oposição no Senado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede), afirmou que Pazuello “foge pelas portas do fundo” e cobrou a instalação de uma CPI da Pandemia de Covid-19 com urgência.
“Essa saída despretensiosa ocorre justamente no momento que a crise se agrava no país, quando falta oxigênio em Rondônia, quando faltam leitos de UTI em diversos estados e no DF. Para além da covardia na gestão, Pazuello está se antecipando para não ser responsabilizado”, escreveu Randolfe no Twitter.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) disse que o general deve responder por “crimes que cometeu” enquanto ministro, assim como o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). “Que Pazuello responda por todos os crimes que cometeu no Ministério da Saúde, assim como o mandante que está na presidência da República”, disse.
Para o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), “pressionado, Pazuello alega problemas de saúde e pede para deixar o Governo”.
“Sofrendo de Bolsonarismo e pressionado, Pazuello alega problemas de saúde e pede para deixar ministério”, ironizou o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP).
O senador Humberto Costa (PT-PE) assinalou que “já vai tarde o general Pesadello, auxiliar do genocídio, que deixa o cargo com 280 mil mortos nas costas depois de cumprir à risca a determinação do chefe de matar brasileiros”.
Relacionadas: