
Encontro, realizado na Bahia, é preparatório para o 16º Congresso do partido, que se realiza em outubro. Participantes destacaram de forma unânime a necessidade de um Novo Plano Nacional de Desenvolvimento
O debate entre os comunistas brasileiros com vistas ao 16º Congresso do PCdoB teve continuidade nesta segunda-feira (11) na Bahia. Os dirigentes, aliados e simpatizantes do partido abordaram a necessidade de mudanças estruturais para garantir a soberania nacional em um contexto marcado por ciclos regressivos e de agudização da luta anti-imperialista.
O debate, com o tema, “Soberania Nacional e Mudanças Estruturais”, foi organizado pela Fundação Maurício Grabois. O encontro na Bahia foi a terceira mesa do Ciclo de Debates rumo ao 16° Congresso partidário, que se iniciou em São Paulo e teve sequência no Rio de Janeiro. A importância de um Novo Plano Nacional de Desenvolvimento foi consenso entre os debatedores, centrado nas demandas populares e no fortalecimento do Estado, para enfrentar o domínio imperialista.
Assista o debate na íntegra
A mediação foi feita pela deputada federal Alice Portugal e o evento contou com a participação de Adalberto Monteiro, secretário nacional de Formação e Propaganda do PCdoB; José Sérgio Gabrielli, professor titular da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ex-presidente da Petrobras; Diogo Santos, economista e Aloisio Barroso, médico, doutor em desenvolvimento econômico e diretor de estudos e pesquisas da Fundação Maurício Grabois.

Adalberto Monteiro destacou a conjuntura crítica do Brasil, que enfrenta o dilema entre avançar na construção de uma nação soberana ou retroceder ao entreguismo. Ele defendeu a necessidade de um projeto nacional que mobilize amplos setores da sociedade, incluindo pequenos e médios empresários, para enfrentar a oligarquia financeira e o imperialismo.
Monteiro também sublinhou a relevância das eleições de 2026 como um momento estratégico para consolidar alianças e impulsionar mudanças. Ele reafirmou ainda o compromisso do PCdoB com um projeto nacional que enfrente as adversidades e aproveite as oportunidades do contexto global, como o declínio relativo dos EUA e o fortalecimento do Sul Global. O dirigente do PCdoB identificou obstáculos como a financeirização da economia, a desvalorização do trabalho e medidas como a autonomia do Banco Central e o teto de gastos, que limitam a ação do Estado.


José Sérgio Gabrielli ofereceu uma análise histórica, destacando o papel do Estado na industrialização dos anos 1950 e a subsequente perda de autonomia da burguesia nacional que, segundo ele, se integrou ao circuito financeiro global. Ele defendeu a reconstrução do Estado como protagonista do desenvolvimento, com foco em ciência, tecnologia e soberania energética.
Gabrielli analisou a evolução da classe trabalhadora, que migrou de setores industriais para áreas como educação e saúde, e defendeu investimentos em tecnologia para fortalecer sua capacidade de liderança.

Diogo Santos enfatizou a democratização do Estado para atender às demandas populares. Ele também reforçou a necessidade de enfrentar a oligarquia financeira e reverter medidas como as privatizações, que enfraqueceram a capacidade do Estado de liderar o desenvolvimento.
O economista defendeu que o projeto nacional deve priorizar demandas como saúde, mobilidade e saneamento, enquanto Alice Portugal sugeriu bandeiras concretas, como o fim da jornada 6×1, para reconectar o povo às lutas políticas.

Aloisio Barroso trouxe uma análise teórica, explicando o conceito de capital fictício e sua dominância na economia brasileira, marcada por um sistema financeiro voltado à especulação.
Ele propôs uma reforma do sistema financeiro que recupere o controle estatal sobre a política monetária e o câmbio, reduzindo a influência de fundos internacionais. Barroso reforçou ainda a necessidade de controle estatal sobre o câmbio e a política monetária, enquanto soberania em um contexto globalizado, reforçando a necessidade de conscientização e mobilização popular.
A participação do público trouxe reflexões sobre como enfrentar os desafios estruturais em um cenário globalizado e atender às necessidades básicas da população, como acesso à cesta básica, saúde e segurança. As discussões reforçaram a centralidade de um projeto político que conecte as aspirações do povo às reformas estruturais, consolidando a soberania e o desenvolvimento nacional.
No encerramento, a deputada Alice Portugal agradeceu aos palestrantes e ao público, reforçando que o projeto nacional deve ter a classe trabalhadora como protagonista, com mobilização popular para garantir um Brasil soberano e justo.
Fonte: PCdoB