Na segunda-feira, dia 6, a senadora Kátia Abreu foi confirmada como candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes.
Kátia Abreu ressaltou como sua principal qualidade para ser candidata a vice, a disciplina:
“Serei uma vice disciplinada, a exemplo de meu querido e saudoso amigo Marco Maciel, que era um vice exemplar e invejado por todos os vices do país”.
A senadora não esclareceu quem eram esses vices (pelo jeito, o país é formado por “vices”) que invejavam Maciel. Do atual DEM, Marco Maciel foi vice-presidente de Fernando Henrique por oito anos, pior período, até então, de destruição da economia nacional e achatamento salarial na história do país, somente superado, depois, por Dilma.
No domingo, o presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Carlos Lupi, informara que a candidata a vice-presidente de Ciro Gomes seria Kátia Abreu.
O anúncio à imprensa foi logo após a convenção do Partido Socialista Brasileiro (PSB) ter aprovado o acordo com o PT, que inviabilizou a tentativa de aliança tentada por Ciro (v. Candidato de Lula é o Alckmin).
Kátia Abreu foi presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Foi, também, presidente da bancada ruralista no Congresso Nacional. Notabilizou-se, no Senado, como defensora dos privilégios fiscais para o chamado agronegócio – e não apenas os fiscais: defendeu, também, a abolição das leis trabalhistas e ambientais nas propriedades rurais (cf. entrevista à revista “Veja”, edição 2.162, ano 43, nº 17, 2010).
Foi também autora, quando deputada, do projeto para liberar no Brasil as sementes estéreis (“terminator”) da Monsanto e outras multinacionais.
Certamente por esses predicados, foi nomeada para o Ministério da Agricultura por Dilma Rousseff, de quem se tornou uma das mais acirradas defensoras.
No próprio domingo, Kátia Abreu declarou à imprensa que aceitava ser vice de Ciro:
“Fui convidada na quinta-feira, mas ainda estávamos lutando até o último minuto por alianças. Quando me chamaram eu disse que seria uma honra, e que tudo o que puder fazer para somar, estou dentro.”
A senadora é investigada no Inquérito nº 4.419, da Operação Lava Jato, instalado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Kátia Abreu recebeu, da Odebrecht, R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), divididos em duas parcelas de R$ 250.000,00.
Os repasses da Odebrecht ocorreram em setembro e outubro de 2014, no Hotel Meliá Jardim Europa, em São Paulo.
O intermediário da senadora foi seu então assessor, e atual marido, Moisés Pinto Gomes.
O dinheiro teve origem no Setor de Operações Estruturadas – o departamento de propina – do Grupo Odebrecht, onde Kátia Abreu era designada pelo codinome “Machado”.
Os recursos repassados à senadora foram revelados pelos depoimentos de quatro diretores da Odebrecht: Cláudio Melo Filho (Termo de Depoimento nº 33), José de Carvalho Filho (Termo de Depoimento nº 8), Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis (Termos de Depoimento nos 10 e 11) e Mário Amaro da Silveira (Termo de Depoimento nº 5).
C.L.
O que vocês acham que aconteceu para terem escolhido ela? Como eu, uma porção ficou abalada. Muitos no Facebook do Ciro estavam dizendo que deviam repensar a decisão e escolher, ou que deveriam ter escolhido, a Juliana Brizola. Penso que falhamos (nós que estamos com ele) em perceber que eles estavam ficando sem opção, e que com isso algo poderia dar errado, as alianças não estavam acontecendo, que o tempo estava se acabando e que deveríamos ter agido rápido por fora e sugerido nomes antes, tentado ajudar. Acho que ninguém aguardava isso. Imagino que muitos esperavam serem surpreendidos, no bom sentido, por uma escolha mais “sem essa lista de atos dela que vocês colocaram na matéria”. A ideia que veio na minha cabeça para amenizar a situação se ele for eleito (tirando impeachment ou morte – o que não resolveria, pois ela ocuparia o cargo) é que para Ministério da Agricultura o Ciro coloque um ambientalista para contrabalançar. Mas não sei se resolveria.
Mas o que vocês acham que aconteceu? Acham que foi uma decisão de última hora, que escolheram enquanto ainda estavam levantando e abalados da rasteira/facada/egoísmo do Lula e PT?
Sinceramente, leitor, podemos ter lá nossas hipóteses, mas o HP é um jornal. Não é possível noticiar suposições, exceto se muito bem fundamentadas. Mas que é esquisito, lá isso é. Tanto do ponto de vista político, ou de um projeto para o Brasil, quanto do ponto de vista meramente eleitoral.