De janeiro a agosto, número é 78,3% maior do que o mesmo período de 2023. “As altas taxas de juros elevam o custo do crédito, dificultando o pagamento de dívidas pelas empresas”, avalia economista da Serasa
Os pedidos de recuperação judicial estão crescendo vertiginosamente em 2024, com números que, de janeiro a agosto, chegam próximo ao recorde. De acordo com pesquisa da Serasa Experian, até agosto 1.480 empresas em dificuldade financeira pediram recuperação judicial, número 78,3% maior do que o mesmo período de 2023.
O número está próximo ao recorde registrado em todo o ano de 2016, quando houve 1.860 requerimentos. Na época o Brasil amargava uma terrível recessão que teve início em julho de 2014.
Os juros altos são apontados como principal fator para a dificuldade recorde de empresas. De acordo com o economista da Serasa, Luiz Rabi, “as altas taxas de juros elevam o custo do crédito, dificultando o pagamento de dívidas pelas empresas”.
“A inadimplência crescente dos consumidores afeta o fluxo de caixa delas, enquanto a dificuldade no acesso ao crédito limita suas opções de financiamento”, diz Rabi. “Muitas companhias buscam a recuperação judicial como forma de reestruturar suas dívidas e continuar operando”.
Apenas em agosto, foram 238 registros – um aumento de 76,3% em comparação ao mesmo mês de 2023. Deste volume, 183 são pequenas empresas que lideram as requisições de pedidos de recuperação judicial.
As pequenas empresas, aliás, dobraram os pedidos de recuperação judicial de janeiro a agosto, período que registrou 1.062 solicitações – 100,8% a mais que no ano passado. Estas respondem por 71,8% do total de pedidos em 2024.
Já as empresas de médio porte fizeram 288 pedidos no período, uma alta de 33,3% em relação a 2023. Mas também houve o impacto de grandes empresas, com 130 pedidos e aumento de 52% no período. Entre elas, a Agrogalaxy, a Gol, a Coteminas e a rede de supermercados Dia.
Segundo a Serasa Experian, as empresas do setor de serviços representaram 40,5% de todos os pedidos de recuperação judicial em 2024. Em seguida, o comércio (26,6%), o setor primário (16,6%) e a indústria (16,3%).
PEDIDOS DE FALÊNCIA CAEM
O número de pedidos de falência, por sua vez, caiu de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 644 requerimentos ante 763 de 2023. As micro e pequenas empresas respondem por 60,7% dos pedidos.
Na quarta-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, de 10,50% para 10,75% ao ano, aumentando o aperto monetário sobre o crédito e o consumo das famílias, e sinalizando que os juros vão aumentar ainda mais para deleite do setor financeiro.