Projeção do relatório do Banco Central caminha ladeira abaixo desde outubro
O mercado financeiro reduziu mais uma vez as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021 e 2022.
O primeiro boletim Focus do ano, divulgado nesta segunda-feira (3), aponta que a mediana das previsões de crescimento para o ano recuou de 0,42% para 0,36%. Trata-se da décima quarta redução nas expectativas desde outubro do ano passado, aproximando a previsão do negativo. Para 2021 – taxa que será conhecida oficialmente em março – a previsão caiu de 4,51% para 4,50%.
O PIB é soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia durante o ano e é usado como índice de referência do crescimento da economia.
Se as estimativas se confirmarem, o PIB de 2021 mal compensará as perdas de 2020 – ano em que a economia registrou um tombo de 3,9%, conforme última revisão do IBGE, reflexo da pandemia que se alastrou pelo país já em crise. O crescimento pífio esperado para este ano colocará o Brasil na posição de um dos países que menos crescerá no mundo.
Enquanto isso, o governo insiste que estamos em recuperação, prevendo oficialmente um crescimento de mais de 5% este ano e de mais de 2% no ano que vem, diante de um imaginário cenário de queda dos preços e melhora do mercado de trabalho – sem fazer nada para que isso aconteça.
INFLAÇÃO E JUROS
O Focus, que forma suas previsões a partir do mercado financeiro, também manteve no relatório pela terceira semana consecutiva a projeção de que a taxa Selic será de 11,50% ao final de 2022, ou seja, prevendo que o governo continuará injetando o veneno do aperto monetário como solução para conter a inflação que não tem nada a ver com a demanda.
A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2022 permaneceu estável em 5,03%. Para 2021 são esperados dois dígitos de inflação, algo em torno de 10,01%.
Ambas as previsões estão acima do teto da meta de inflação, estipulada pelo mercado financeiro, para 2021 e 2022, respectivamente, 5,25% e 5% – valores já com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual do centro da meta para cima.