O Ministério da Saúde divulgou hoje, em boletim diário da pandemia do coronavírus no Brasil, que o país teve 1.473 mortes confirmadas em 24 horas e chegou a 34.021 no total.
Os dados apontam, pelo terceiro dia consecutivo, o maior número contabilizado no período. O índice supera a alta de ontem, quando foram registrados 1.349 óbitos e o de terça-feira, de 1.262 óbitos.
Segundo o boletim, 30.925 novos casos de Covid-19 também foram registrados, o segundo maior no período de 24 horas já contabilizado. No dia 30 de maio, o Ministério da Saúde havia confirmado 33.274 novos casos.
No total, o país registrou 614.941 casos em todo o seu território.
O número de pessoas recuperadas da doença também sobe a cada dia e já chega a 254.963 o equivalente a 41,5% dos pacientes. Ainda segundo a pasta, mais de 325 mil casos seguem em acompanhamento.
O país também ultrapassou a Itália em número de óbitos e agora está atrás apenas do Reino Unido (39.987) e dos Estados Unidos (107.474), segundo ranking da Universidade John Hopkins.
Casos avançam no interior do país
O número de municípios com casos de coronavírus aumentou quase nove vezes nos últimos dois meses. No dia 2 de abril, segundo a pasta, 471 cidades brasileiras apresentavam casos da doença. Já no dia 2 de junho, este número chegou a 4.178. As informações foram apresentadas por Eduardo Macário, secretário substituto de Vigilância em Saúde. “75% dos municípios já reportaram casos, principalmente das regiões Norte e Nordeste do Brasil”, analisou Macário. “A maioria dos municípios tem menos de 10 óbitos registrados, dos quais 766 reportaram apenas uma morte pela doença até o momento”.
Ele informou que algumas regiões brasileiras apresentam quedas no número de casos nas últimas semanas, mas é necessário observar por mais tempo para não fazer conclusões precipitadas. “Me preocupo muito com os estados do sul, porque estão entrando no período de outras doenças respiratórias, como influenza. E agora com a presença da Covid-19 em uma população suscetível, mostra que as autoridades sanitárias precisam prestar mais atenção”, disse.
Muitos municípios que iniciaram a reabertura de setores da economia têm tido aumentos do número de casos de coronavírus. Em algumas cidades, esse crescimento chegou a 266,7% em apenas 19 dias.
Estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade da Região de Joinville (Univile) mostra uma inclinação vertical na curva de contaminações duas semanas depois de o governo do Estado de Santa Catarina ter flexibilizado as regras de isolamento.
De acordo com o estudo, as projeções feitas antes da flexibilização apontavam para um número em torno de 3 mil contaminados no Estado no início de junho. Na quarta-feira, Santa Catarina registrou 9.660 casos com 148 óbitos. O levantamento mostra que houve um salto de 130% de registros de contaminação nas duas semanas que seguiram a flexibilização da quarentena, anunciada pelo governador Carlos Moisés (PSL) no dia 13 de abril. Os números saltaram de 853 para 1.995 registros.
“A situação não está confortável como boa parte das pessoas pensa que está”, disse o pesquisador da (Univile) André Nogueira.
Para o professor de Geografia da Saúde da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Raul Guimarães, a falta de dados confiáveis sobre o coronavírus e o desconhecimento científico em relação à evolução da doença indicam que a flexibilização do isolamento neste momento pode causar prejuízos à saúde da população. “A história da doença é muito diferente de uma cidade para outra. Ainda não sabemos quando vamos atingir o teto”, disse.
Erro sueco
Usada como exemplo por Bolsonaro a seguir no combate ao novo coronavírus, a Suécia amarga uma triste realidade. Com uma população de 10,2 milhões de habitantes e 41.883 casos confirmados, o país já registrou 4.562 mortes pela doença.
Anders Tegnell, especialista responsável pela controversa estratégia da Suécia para enfrentar a pandemia de coronavírus admitiu, em entrevista veiculada na ultima quarta-feira (3), que não ter defendido a quarentena e o isolamento pode ter sido um erro e que causou mortes em excesso no país.
“Se estivéssemos diante da mesma doença, com o mesmo conhecimento que temos hoje, acho que a nossa resposta seria alguma coisa entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez”, disse o epidemiologista, em entrevista a uma rádio sueca.
Desde o início da pandemia, a Suécia adotou uma estratégia mais suave do que a maioria dos países europeus para conter o vírus, apelando para a responsabilidade individual de proteger grupos de risco e com poucas restrições de movimentação aos cidadãos.
Faculdades e universidades foram, de fato, fechadas, visitas a lares de idosos foram proibidas, assim como eventos com mais de 50 pessoas. Mas creches, escolas, restaurantes e comércio continuaram abertos, o que acabou mudando pouco a rotina dos suecos.
A abordagem mais relaxada para conter o vírus vinha recebendo críticas no país. Em abril, por exemplo, um grupo de 22 cientistas das mais renomadas universidades do país publicou uma carta repudiando a estratégia do governo do primeiro-ministro Stefan Löfven e cobrando restrições mais duras de movimento.