A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, condenou a ida da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, agredindo a soberania da China
“Pedimos a Washington que se abstenha de ações que prejudiquem a estabilidade regional e a segurança internacional e admita a nova realidade geopolítica na qual não há mais espaço para a hegemonia estadunidense”. Com estas palavras, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, repudiou a visita realizada nesta terça-feira (2) da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan como uma “ação selvagem” de um país que ainda pretende manter-se impondo sobre os demais.
“Acho que ficou claro para o mundo inteiro: os Estados Unidos não dão a mínima para nenhum de seus parceiros, sejam aliados próximos, estratégicos, parceiros, países com os quais se desenvolvem relações em Ele está disposto a sacrificar tudo, até mesmo o resto de sua própria reputação, em prol de um benefício momentâneo”, sintetizou a diplomata, para quem o que restava de credibilidade, “particularmente na região asiática, foi destruído nesta terça”.
A diplomata recordou que, ao contrário, o presidente russo, Valdimir Putin, durante encontro em Pequim em 4 de fevereiro com o líder chinês, Xi Jinping, manifestou-se “contra a independência da ilha”, valorizando conceitos como soberania nacional e integridade.
Portanto, declarou Zakharova, reiteramos que “vemos a visita como uma provocação clara, em linha com a política agressiva dos EUA de conter a China multilateralmente”. “Não tenho dúvidas de que é a mesma linha que os Estados Unidos aplicam no caso ucraniano. É uma tentativa de mostrar ao mundo sua impunidade e que faz o que quer”, acrescentou.
Diante deste insulto, assegurou, “o lado chinês tem o direito de adotar as medidas necessárias para defender sua soberania e integridade territorial na questão de Taiwan”.
Para a porta-voz russa, “as relações entre as partes no Estreito de Taiwan são um assunto exclusivamente interno da China”, sublinhando que para Moscou, Taiwan é uma parte inalienável, pois “há apenas uma China e o governo chinês é o único legítimo a representar toda a China”.
Na avaliação da diplomata, a presença de Pelosi – que foi advertido pelo presidente chinês que estava “brincando com fogo” – serve como uma estéril manobra diversionista, em que o governo dos EUA tenta desviar a opinião pública norte-americana dos graves problemas que vêm enfrentando, como o aumento de preços, a inflação e a recessão.
Zakharova também diferenciou a visita de Pelosi da viagem oficial a Mianmar do chefe do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que “não traz provocação, mas cooperação”.
Da mesma maneira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani , condenou a situação em conferência de imprensa e acrescentou que viola a integridade territorial da China e vai contra a Carta das Nações Unidas. Kanani apontou que “o unilateralismo e a violação de leis e obrigações internacionais tornaram-se um procedimento fixo na política externa” estadunidense.
O governo venezuelano também defendeu o respeito à soberania chinesa, enfatizando que “a viagem de Pelosi a Taiwan é uma provocação direta e ameaça seriamente a autodeterminação e a integridade territorial do gigante chinês”. “A Venezuela reconhece ‘uma China’ e exige respeito por sua soberania”, concluiu o Ministério das Relações Exteriores.