O Pentágono corrigiu pela terceira vez a mentira do presidente Trump de que não havia “nenhum” soldado norte-americano ferido na retaliação iraniana contra duas bases dos EUA no Iraque em resposta ao assassinato do principal líder militar iraniano. “Até hoje, 50 militares norte-americanos foram diagnosticados” com lesão cerebral traumática, admitiu o porta-voz tenente-coronel Thomas Campbell, na terça-feira.
No primeiro remendo, pouco mais de uma semana após a retaliação iraniana com mísseis do dia 8, o Pentágono corrigira o “nenhum” para “11 feridos”.
Na errata seguinte, o número de soldados norte-americanos feridos cresceu de “11” para “34”.
“Nenhum americano foi ferido no ataque da noite passada pelo regime iraniano. Não sofremos baixas”, gabara-se Trump no Twitter.
Na semana passada, o presidente bilionário dissera a repórteres em Davos que ouvira dizer “que
[os soldados]
tinham dores de cabeça e algumas outras coisas, mas eu diria e posso relatar que não é muito sério”.
Afinal, o Pentágono se viu forçado a admitir que, de tão estropiados, 17 soldados precisaram ser levados de avião para o maior hospital militar norte-americano fora dos EUA, o centro médico de Landstuhl, na Alemanha.
Os oito em estado mais grave já foram levados de volta aos EUA, completamente incapacitados para combate. Sete continuam sob tratamento na Alemanha.
Diz o Pentágono que “31” já voltaram “ao trabalho” – isto é, à ocupação.
Há outro relato sobre o que aconteceu com os feridos mais graves. O jornal kuwaitiano Al Qabas relatou que “16 soldados norte-americanos” foram levados para o hospital militar de Camp Arjifan, na base aérea de Ahmed Al Jaber, no Kuwait, sob forte segurança, com queimaduras graves ou ferimentos de estilhaços, logo após a retaliação iraniana. Ainda segundo essa fonte, alguns precisaram ser submetidos a cirurgia e foram depois para a UTI do hospital.
Confirmando a gravidade dos ferimentos, no desmentido que elevara o total de baixas para 34, porta-voz do Pentágono em Washington dissera alguns dos oito levados de volta para tratamento nos EUA estavam “no Walter Reed”, que é o principal hospital militar dos EUA e que se especializou, desde as invasões no Oriente Médio e a ‘Guerra ao Terror’, em cuidar de gente muito arrebentada.
No dia seguinte de sua retaliação, o comando iraniano havia afirmado que soldados norte-americanos feridos teriam sido transportados em nove voos de C130 para instalações médicas fora do Iraque e os casos menos graves, de helicóptero, para hospitais em Bagdá.
Assim, o “tapa na cara” – como o líder iraniano Ali Khamenei descreveu a retaliação – esteve mais próximo da descrição feita pelos iranianos após o ataque, de “dezenas de baixas”, do que da tuitada de Trump no dia seguinte, de que “não sofremos baixas” e que o país deveria estar “grato” por nenhum americano se machucar. A pergunta que fica é se os remendos do Pentágono vão parar por aqui, ou se nova leva de soldados em pandarecos será noticiada proximamente.