O pentágono admitiu “erros na prestação de contas ao Senado” sobre o dinheiro gasto com Arábia Saudita e Emirados Árabes, dois dos países que agridem o Iêmen, desde 2015, a mando e com o apoio dos Estados Unidos.
Em 2015 uma sublevação popular, apoiada nas forças armadas do Iêmen tomou o poder na capital do país e em cidades importantes a exemplo de Taiz e Hodeidah, o porto que fica no estreito de Bab El Mandab, por onde passa todo o petróleo em cargueiros, vindo do Golfo Árabe em direção ao Canal de Suez.
O pretexto para a agressão saudita-norte-americana seria o de que uma aliança entre o governo popular iemenita e o do Irã entregaria o controle do estreito ao Irã, além disso, o Pentágono “informou” aos senadores que o Iêmen já estaria de posse de diversos mísseis que poderiam atingir navios da 5ª Frota norte-americana sediada em portos vizinhos ao Iêmen.
O articulista Samuel Oakfordryan Goodman, ironizou em matéria para o portal The Atlantic, dia 8, o comportamento contraditório do presidente Trump que “repetidamente reclama de que os Estados Unidos paga demasiado pela defesa dos seus aliados, tem elogiado a Arábia Saudita, enquanto paga a conta da sua participação na guerra contra o Iêmen.”
“Os contribuintes norte-americanos” acrescenta Samuel, “têm recebido a conta de grande parte da campanha saudita, possivelmente orçada em dezenas de milhões de dólares”.
“A revelação – detalhada em uma carta do Departamento de Defesa obtida pelo The Atlantic – deve elevar a ira entre os senadores que, cada vez mais, tornam-se críticos quanto à conduta saudita na guerra”. Situação que se agravou com declarações de senadores republicanos declarando-se convictos de que o ditador saudita estava no comando da chacina bárbara contra o jornalista Jamal Khashoggi, que escrevia para o Washington Post.
Desde o início da agressão, em março de 2015 – na qual os sauditas privilegiam os ataques aéreos, uma vez que seus soldados carecem de qualquer disposição no enfrentamento das forças revolucionárias iemenitas – os Estados Unidos suprem os caças sauditas com reabastecimento no ar, um tipo de operação muito custosa e diária durante mais de três anos.
A lei norte-americana estabelece que, nos mais de 70 países, com os quais EUA tem convênio para apoio militar, este tipo de “apoio” deve ser pago pelo país que recebe o benefício e que a despesa e o ressarcimento devem constar de prestações de contas entregues ao Congresso dos EUA.
O caso se agrava quando se trata de apoio aos sauditas, com os quais Trump diz que os negócios no terreno militar proporciona ganhos em dinheiro e cujas “encomendas” ofertariam empregos nos EUA.
Na carta aos senadores o Pentágono admite que “não tem feito a cobrança adequadamente”.
Diz o Pentágono que “está, agora, refazendo as contas”.
Em declaração sobre o assunto, a porta-voz do Pentágono, Rebecca Rebarich, admite que “o Comando Central dos EUA, recentemente revendo suas anotações encontrou erros na contabilidade e que o Departamento de Defesa falhou em cobrar a Arábia Saudita e os que integram a ‘Coalizão Liderada pela Arábia Saudita’ de forma adequada sobre combustível e o reabastecimento aéreo”.
A carta do Pentágono foi entregue aos senadores depois de um pedido de esclarecimentos específicos formulado pelo senador Jack Reed, representante do Partido Democrata no Comitê do Serviço Armado.
Depois disso, Reed, escreveu uma carta sobre o assunto questionando o Secretário de ‘Defesa’ Jim Mattis. A carta foi assinada por mais seis senadores.
O documento do Pentágono, chega às vésperas da votação no Senado sobre a intervenção norte-americana na guerra do Iêmen. “É claro que o Departamento não cumpriu suas obrigações de manter o Congresso apropriadamente informado de sua responsabilidade de garantir o reembolso, a um custo de dezenas de milhões de dólares aos contribuintes”, afirmou Reed.