As micro e pequenas empresas, que são as mais afetadas na pandemia e as que acumulam o maior número de empregos no país, representaram apenas 8% das novas contratações de crédito, entre 16 de março e 15 de maio, em plena pandemia do coronavírus, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados na segunda-feira (25).
Em dois meses, foram concedidos R$ 441,754 bilhões em operações de créditos para empresas, segundo o powerpoint: “Reunião Com A Organização Das Cooperativas Brasileiras – Enfrentamento Dos Efeitos Econômicos Da Covid-19”, disponibilizado no site do BC e apresentado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em reunião com cooperativas de crédito.
Do total desses recursos, 58%, ou R$ 255,818 bilhões, ficaram com as grandes empresas, que já tinham crédito pré-aprovado pelos bancos, ao contrário das micro e pequenas empresas que recorreram aos bancos com a promessa de socorro do governo e se depararam com uma série de impedimentos, como altas taxas de juros, prazos o excesso de burocracia ou a falta de garantias por parte das pequenas empresas para conseguir um empréstimo para capital de giro e para a folha de pagamento.
As médias empresas ficaram com 12%, ou R$ 51,071 bilhões, e as MPE (micro e pequenas empresas) representaram apenas 8%, ou R$ 35,138 bilhões, do dinheiro injetado pelo BC no sistema bancário.
Já para as Pessoas Físicas, representou 23% das operações de crédito concedido pelos bancos, entre 16 de março a 15 de maio.
Segundo uma pesquisa do Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, entre 7 de abril a 5 de maio, houve um acréscimo de 8 pontos percentuais na proporção dos empresários que buscaram por financiamento junto aos bancos.
No entanto, de acordo com a sondagem, “86% dos empreendedores que buscaram tiveram o empréstimo negado ou ainda têm seus pedidos em análise. Desde o início das medidas de isolamento no Brasil, apenas 14% daqueles que solicitaram crédito tiveram sucesso”. A pesquisa ouviu 10.384 microempreendedores individuais (MEI) e donos de micro e pequenas empresas de todo o país.
“Os pequenos comércios, da padaria à quitanda, isso tudo faz parte do nosso cotidiano e sem eles nós vamos ficar imperfeitos. Nós precisamos preservá-los para que, na verdade, o Brasil saia com menos desgaste do que poderia sair dessa pandemia”, declarou Carlos Melles, presidente do Sebrae.