Numa observação que tem nome, Donald, e sobrenome, Trump, o chanceler chinês Wang Yi disse à Assembleia Geral da ONU que os mecanismos multilaterais e as normas internacionais estão “sob ataque”, numa paisagem global “marcada pelas incertezas e fatores de desestabilização” e convocou a comunidade internacional a buscar uma “cooperação ganha-ganha”, sob a compreensão de que nenhum país sozinho pode fazer frente aos desafios globais ou ficar imune aos seus impactos.
Ressaltando o papel essencial da ONU e da sua Carta, Wang reiterou os princípios chineses para essa construção: “em primeiro de tudo, buscar uma cooperação mutuamente vantajosa. Precisamos substituir a confrontação pela cooperação, e a coerção, pela consulta”. “Devemos promover um desenvolvimento comum através das consultas ao invés de um enfoque o ‘vencedor-leva-tudo’”, ressaltou. Em segundo lugar, as relações entre os países deveriam ser baseadas “na credibilidade, não na revogação, quando der vontade, dos compromissos”, advertiu, realçando que a cooperação internacional deve ser guiada por “regras”, não “impulsos”.
“Praticar o multilateralismo é, primeiro e acima de tudo, sobre respeitar a lei internacional e a Carta da ONU, e honrar os compromissos internacionais alcançados por negociações”, afirmou o representante de Pequim. Nos assuntos internacionais, é preciso “imparcialidade e justiça”, ou seja, o respeito à soberania, independência e integridade territorial dos demais países, e ao caminho que escolherem para seu desenvolvimento, acrescentou.
Sobre os “atritos comerciais”, Wang enfatizou que a China insiste em uma solução adequada por meio do diálogo e que “não aceita chantagem e não tem medo de pressões”. Ele também saudou os avanços na península coreana e pediu ponderação para solucionar a crise em Mianmar. Manifestou o compromisso de Pequim com o acordo nuclear a seis partes com o Irã – do qual os EUA se retiraram – e com a solução de “dois estados” na Palestina. Ele também salientou a convocação do presidente Xi Jinping à construção de uma “comunidade compartilhada” para a humanidade, em 2015, na ONU.
Concluindo, o ministro chinês manifestou sua esperança de que a Assembleia Geral faça sua parte na “manutenção do multilateralismo, da paz mundial e do desenvolvimento” e que a comunidade internacional apoiará a ONU para cumprir seus papel internacional central.