Presidente agrediu o juiz, o MP, a imprensa e a polícia na tentativa de acobertar os crimes de Flávio Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro se destemperou ao tentar defender o senador Flávio Bolsonaro, suspeito de ser chefe de organização criminosa que desviava dinheiro pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Ao ser questionado por um repórter sobre o que faria se Flávio tiver cometido algum deslize, Bolsonaro respondeu em um tom provocativo um jornalista. “Você tem uma cara de homossexual terrível, mas, nem por isso, te acuso de ser homossexual. (…) Falam “se”, “se”, “se” o tempo todo”, criticou.
Em outro momento, Bolsonaro voltou a admitir ter repassado R$ 40 mil à mulher, Michelle Bolsonaro – e não R$ 24 mil – por meio de cheques feitos por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, mas negou ter alguma nota comprovando o empréstimo.
Questionado sobre o comprovante, Bolsonaro voltou a provocar um jornalista. “Pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu pro teu pai, tá certo”, disse ele, sob aplausos dos bolsonaristas que o cercavam.
“Arrombaram a loja de chocolate do meu filho. Se tivesse, se tivesse, se tivesse algo errado, não teria sumido? As franquias são controladas. Não é o cara que abre uma franquia e a matriz abandona. Ninguém lava dinheiro em franquia”, disse.
LAVAGEM DE DINHEIRO NA LOJA DE CHOCOLATE
“Acusaram ele de estar ganhando mais na casa de chocolate. O que acontece, quem leva mais cliente para lá, ele leva um montão de gente importante, ganha mais. É mesma coisa chegar para o, deixa eu ver, o Neymar e (perguntar) “por que está ganhando mais do que outros jogadores?”. Porque ele é o mais importante. Não é comunismo”, emendou.
Em tom ameaçador, dirigiu-se ao repórter: “Você tem a nota fiscal desse negócio contigo no braço? Não tem. Tem a nota fiscal no teu sapato? Não tem, porra. Você tem lá no teu carro? Talvez tenha lá, mas não a nota fiscal”, retrucou. Nesse momento, comentou da relação que tem com Queiroz.
“Eu conheço o Queiroz desde 85, nunca tive problema com ele. Pescava comigo, andava comigo pelo Rio, eu tinha que ter um segurança comigo. Ele andava com meu filho. E daí, de repente, se ele fez besteira, que responda pelos atos dele. (…) Foi meu soldado na brigada paraquedista. Se ele cometeu algum deslize, ele que responda, não eu”, destacou.
Ao responder se considera Flávio inocente, Bolsonaro disse que não é juiz e evitou fazer juízo sobre o caso. Mas citou, sem menção nominal, outros deputados estaduais do Rio que, segundo ele, fazem a mesma coisa.
“Vários parlamentares via algum assessor tinham movimentações atípicas. O Flávio é o 17º. Vocês já assinaram uma matéria sobre o 01 da Alerj? Não fizeram, poxa. O 01 é aliado do Witzel, inclusive. É do PT. Foi eleito presidente da Alerj, tem uma linha contrária a de vocês, com R$ 50 milhões. Se alguém desviar R$ 1 real é culpado”, comentou.
AGRESSÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO
Ele atacou também o MP carioca e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) acuando-o de empregar como funcionária fantasma a filha do juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
O magistrado foi o responsável por ter quebrado sigilos telefônico, fiscal e bancário de suspeitos. Entre acusações e refutações a Witzel e ao MP carioca, Bolsonaro usou tons agressivos. “Tô (sic) respondendo, fica quieto. Deixa eu falar, porra”, disse, ao rebater um repórter que o questionou enquanto criticava Witzel e a imprensa, por, supostamente, não ouvir o governador sobre as suspeitas em torno dele.
“Vocês (imprensa) perguntaram para o governador Witzel por que a filha do juiz Itabaiana tá empregada com ele? Pelo que parece, não vou atestar aqui, é fantasma. Já foram em cima do MP para saber se vai investigar o Witzel? Já repararam que, na véspera desse novo caso do Flávio, a Polícia Federal mostrou em uma operação na Paraíba onde lá um dos delatores falaram que Witzel pegou R$ 115 mil de caixa dois para campanha? Bem como a loteria da Paraíba faz um negócio na Loterj, lá no Rio de Janeiro. Por que o governador não fala nada?”, comentou.
ENTIDADES REPUDIAM ATAQUES DE BOLSONARO AOS REPÓRTERES
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal repudiou o que chamou de mais um violento ataque do presidente Jair Bolsonaro a jornalistas. O sindicato citou levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), segundo o qual, neste ano, o presidente dirigiu ao menos um ataque à imprensa a cada três dias.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), afirmou que o presidente assediou moralmente os repórteres e que teve atitude semelhante em mais de dez ocasiões neste ano. A Abraji destacou ainda que apoiadores do presidente acentuam o clima de intimidação aos repórteres na porta do Alvorada.
E a entidade ressaltou: “Atacar jornalistas como forma de evitar prestar informações de interesse público e receber aplausos de apoiadores é ação incompatível com o respeito ao trabalho da imprensa, fundamental para a democracia.”
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Bolsonaro deve sonhar com Witzel toda noite pq não tira ele da cabeça! Se está irritando esse horror de presidente, ja tem meu voto novamente..