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“Deportar pessoas, que em muitos casos deixaram suas próprias terras por motivos de extrema pobreza, insegurança, exploração, perseguição ou por causa da grave deterioração do meio ambiente, fere a dignidade de muitos homens e mulheres, de famílias inteiras, e os coloca em um estado de especial vulnerabilidade e desamparo”, declarou o papa Francisco em carta à Conferência Episcopal dos Estados Unidos.
Em sua crítica às perseguições de Trump aos imigrantes, o papa destacou ainda que sua política de deportação em massa priva os migrantes de sua “dignidade inerente”.
A resposta da Casa Branca veio através do assessor Tom Homan, que teve o desplante de dizer ao papa para “cuidar da Igreja Católica”.
Sem se intimidar com a estupidez trompista, Francisco garantiu estar acompanhando a situação “de perto”.
Expressou solidariedade e apoio aos migrantes nestes “momentos delicados” e, ao mesmo tempo, denunciou certas disposições que “vão contra a própria dignidade humana”.
“O que se constrói sobre a força, e não sobre a verdade da igual dignidade de todo ser humano, começa mal e terminará mal”, advertiu.
MIGRANTES NÃO SÃO CRIMINOSOS
Ele também chamou todos a “expressar sua discordância com qualquer medida que identifique tácita ou explicitamente a condição ilegal de alguns migrantes com a criminalidade”.
“A família de Nazaré no exílio, Jesus, Maria e José, emigrantes ao Egito e refugiados para escapar à ira de um rei ímpio, são o modelo, o exemplo e a consolação dos migrantes e dos peregrinos de todos os tempos e países, de todos os refugiados de qualquer condição que, pressionados pela perseguição ou pela necessidade, são obrigados a abandonar a sua pátria, a sua querida família e os seus queridos amigos para ir para terras estrangeiras”, lembrou.
“Um verdadeiro Estado de direito é verificado precisamente no tratamento digno que todas as pessoas merecem, especialmente as mais pobres e marginalizadas”, frisou.
Em suas linhas finais, a carta de Francisco se dirige aos fiéis católicos e aos homens e mulheres de boa vontade, apelando para que “não cedam às narrativas que discriminam e fazem sofrer desnecessariamente os nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados”. “Com caridade e clareza, somos todos chamados a viver na solidariedade e na fraternidade, a construir pontes que nos aproximem cada vez mais, a evitar os muros da ignomínia e a aprender a dar a nossa vida como Jesus Cristo a ofereceu, para a salvação de todos”, concluiu.
Hoje 47,8 milhões de estrangeiros vivem nos EUA, cerca de 14% da população daquele país. Recentemente, com a reeleição de Donald Trump como presidente, a política de imigração tem passado por profundas transformações que buscam reduzir drasticamente a entrada e a permanência de imigrantes no país. De acordo com pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil, caso Trump decida deportar todos os imigrantes e tenha os recursos para isso, a situação pode gerar um enorme déficit de mão de obra que poderá causar impactos devastadores para a economia norte-americana.
A realidade é que muitos setores da economia americana, como a agricultura, a construção civil e a saúde, simplesmente não funcionariam sem a participação dos imigrantes, submetidos à uma exploração extrema. Eles preenchem vagas que, de outra forma, ficariam em aberto, e contribuem de maneira significativa para a economia do país.