O ex-presidente do Peru, Alan García se matou com um tiro na cabeça ao receber ordem de prisão nesta quarta-feira (17), informou um comunicado do hospital Casimiro Ulloa onde foi atendido mas não resistiu ao ferimento. A informação de sua morte foi confirmada pelo advogado do ex-presidente, Erasmo Reyna, no Twitter.
De acordo com a imprensa peruana, desde às 8 horas uma equipe médica esteve tentando estabilizá-lo na área de choque traumático, de onde o ex-mandatário deveria ter seguido para a sala de cirurgia.
Conforme relatos, próximo às seis e meia da manhã, agentes da Divisão de Investigação de Delitos de Alta Complexidade chegaram até a casa de Alan Garcia logo depois que a Justiça aprovou o pedido da Promotoria de detenção por um prazo de dez dias. Garcia, que governou o país por duas vezes, entre 1985-1990 e 2006-2011 fugiu para o seu quarto e disparou.
Seu advogado, Erasmo Reyna, reconheceu que “o ex-presidente tomou a decisão de suicidar-se. A situação é muito crítica e muito grave”, confirmou a ministra da Saúde, Zulema Tomás, pouco antes do falecimento. Tomás informou também que o ex-presidente sofreu três paradas cardíacas.
A polícia já havia conseguido prender preliminarmente Luis Nava, ex-secretário-geral da Presidência de Alan García, e Miguel Atala, ex-vice-presidente da Petroperú.
ASSALTANTES DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
Os projetos enlameados no roubo ao patrimônio público são dois contratos referentes à construção de uma estrada que une o Peru ao Brasil durante o mandato do presidente Alejandro Toledo, que governou o país entre 2001 e 2006.
A decisão da Justiça é um desdobramento da operação Lava Jato, que em relação a Alan Garcia apontam assaltos ao patrimônio público durante a construção do metrô de Lima, que foi executado durante o segundo governo de Alan García, entre 2006 e 2011. Estão ainda sob investigação contratos para ampliar o corredor costeiro Costa Verde-Callao, e a construção de uma estrada de acesso rápido à Cuzco. Uma quinta obra é o projeto Chacas, na região andina de Ancash.
A Lava Jato peruana investiga os casos de corrupção relacionados à Odebrecht que envolvem ainda os ex-presidentes Alejandro Toledo (mandato de 2001 a 2006), foragido nos Estados Unidos; Ollanta Humala (2011-2016), que foi detido durante nove meses; e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), que renunciou em março do ano passado, em meio a denúncias graves. PPK também foi detido e está cumprindo prisão preventiva.
A Odebrecht já admitiu ter distribuído propina a autoridades de 12 países, além do Brasil, em troca de suas obras arranjadas.