O Ministério Público do Peru realizou, na terça-feira (9), uma operação de busca e apreensão na casa de Nadine Heredia, esposa do ex-presidente peruano, Ollanta Humala, como parte da investigação por atos de corrupção cometidos na concessão de obras do Gasoduto Sul peruano à Odebrecht. O procedimento também aconteceu em outros 25 imóveis e escritórios vinculados com eles.
“No caso de Nadine Heredia, temos depoimentos de testemunhas e colaboradores protegidos que a ligam a conversas com altos funcionários da Odebrecht”, assinalou a procuradora Geovanna Mori, encarregada no Peru de investigar as ramificações da Lava Jato. A busca envolveu 110 agentes da polícia nacional peruana.
Mori esclareceu que o ex-presidente, pelas leis do país, tem imunidade presidencial que o protege até cinco anos depois de concluído seu mandato e, para incluí-lo, seriam necessários outros procedimentos. Humala foi presidente do Peru entre 2011 e 2016.
A concessão do Gasoduto Sul envolveu mais de US$ 7 bilhões (R$ 26,6 bilhões), em uma licitação que provocou investigações pelos crimes de conluio e negociação incompatível por parte de Nadine Heredia. Este processo é paralelo ao que corre contra Humala e esposa por crimes relacionados a lavagem de dinheiro. Por conta deles, em maio, o Ministério Público pediu 20 anos de prisão para Humala e 26 anos e meio para Heredia.
O Tribunal de Investigação Preparatória, especializado em delitos de corrupção de funcionários, concedeu a autorização de busca que inclui o registro da propriedade e a apreensão de todos os bens e documentos que tenham vínculos com os crimes investigados direta ou indiretamente.
“Foi estabelecido que a finalidade da medida requerida é encontrar bens e/ou informações que sejam de interesse para a investigação, anotações, e-mails, mensagem, vídeos, áudios, telefones celulares e qualquer outro meio que evidencie algum tipo de coordenação entre os investigados”, diz a autorização, publicada pelo jornal El Comercio, no dia 9.
Foram revistadas, além da casa de Heredia, as casas dos ex-ministros de Minas e Energia peruanos, Rosa María Ortiz e Juan Valdivia Romero, que exerceram o cargo durante os governos de Humala e Alan García, respectivamente, segundo o El Comercio.
O casal, segundo a procuradoria, teria recebido dinheiro irregular da Odebrecht para financiar a campanha eleitoral. A empreiteira reconheceu ter pago US$ 3 milhões (R$ 11,4 milhões) para a campanha de Humala em 2011, dos quais US$ 1 milhão (R$ 3,8 milhões) foi recebido pessoalmente por Nadine Heredia.
O ex-chefe da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, confirmou em declaração a promotores, no dia 25 de abril passado, que a empresa subornou 4 presidentes para obter contratos de obras públicas: AlejandroToledo (2001-2006), Alan García (2006 – 2011), Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), que renunciou ao cargo devido as acusações de envolvimento com a Odebrecht e está em prisão preventiva por este caso; além de governadores, prefeitos e outros funcionários.
Ollanta Humala e sua mulher ficaram nove meses na prisão (entre julho de 2017 e 30 de abril de 2018), até que uma resolução do Tribunal Constitucional ordenou a soltura deles. O dinheiro foi entregue a Humala a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, afirmou Jorge Barata a procuradores peruanos no ano passado.