População troca o tradicional peru por carnes mais baratas, como a carne de porco. O lombo suíno subiu 4,36% nos últimos 12 meses, enquanto o frango teve reajustes de 24,28%. O chester, por sua vez, subiu 33% desde o último Natal
No Brasil governado por Bolsonaro, o peru de Natal passará longe da ceia das famílias brasileiras. Com a inflação média atingindo 10,74% em novembro, a cesta básica cada vez mais cara. Com o desemprego em alta e a renda desabando, parte significativa da população terá que trocar os tradicionais perus por carnes mais baratas, como porco.
Dentre os alimentos, o encarecimento das carnes tem forçado os brasileiros a mudarem de hábitos no dia a dia e no Natal não será diferente. Pagando mais para comprar menos, até mesmo as alternativas mais baratas às carnes tradicionais natalinas sofrem a pressão da inflação: de acordo com os dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas, o lombo suíno subiu 4,36% nos últimos 12 meses, enquanto o frango teve reajustes de 24,28%. O chester, por sua vez, subiu 33% desde o último Natal, segundo a Universidade de Taubaté.
Uma imagem feita por um consumidor que circula nas redes sociais ilustra a situação de carestia e o fracasso do governo federal em manter os preços controlados: um peru de Natal precificado a R$ 406 em um supermercado.
“A ceia de Natal de 2021 será fortemente influenciada pela inflação alta e pela desvalorização cambial. Itens tradicionais ficaram bem mais caros e devem determinar uma mudança na mesa do brasileiro. Os preços mais altos das carnes bovina, de ave e do bacalhau podem forçar a fazer uma ceia mais econômica”, aponta o economista Gilberto Braga, do Ibmec Rio de Janeiro.
“O que observamos foi uma alta generalizada nos preços das aves. Duas razões explicam essa alta. A primeira é o aumento dos custos de produção. Também destacamos o aumento das exportações de aves, o que reduz a oferta no mercado interno e, consequentemente, gera preços mais altos para o consumidor brasileiro”, afirmou o economista do Nupes, Edson Trajano.
Uma pesquisa realizada pela Associação de Supermercados do Estado do Rio mostra que, além da substituição das carnes por opções viáveis, 47,1% dos entrevistados poderão comprar bebidas alcoólicas para a ceia natalina por conta dos preços. Esse movimento é reflexo da intenção de mais da metade dos brasileiros que pretendem gastar entre R$ 100 e R$ 300 para compor a mesa. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) fez um levantamento que registra aumentos na faixa de 27% dos itens da cesta de Natal – incluindo carnes, pães, frutas e vinhos.
Não é apenas a comida que está pesando no bolso das famílias: o gás de cozinha quase dobrou de preço, enquanto o preço da energia elétrica já é o maior do século. O preço dos combustíveis – em especial da gasolina que já acumulou aumento de mais de 50% nos últimos 12 meses – tem impacto não só para quem tem veículo, mas no encarecimento dos custos de produção e entrega da maior parte dos produtos.