O ex-presidente do Peru Alejandro Toledo (2001-2006) foi detido na terça-feira, 16, nos Estados Unidos, como parte de um pedido de extradição e julgamento por casos de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht. A informação foi divulgada por autoridades norte-americanas e peruanas.
“Segundo
informou-se, o ex-presidente se encontra em sua primeira audiência ante as
autoridades judiciais norte-americanas, como parte do processo orientado a
conseguir seu retorno ao país”, assinalou a Promotoria de Lima.
A prisão de Toledo está relacionada com a ação que se desenvolve contra ele
desde maio de 2018, após a depoimento de Jorge Barata,
ex-representante da empreiteira no Peru, confessando ter lhe pago 20
milhões de dólares em propina para receber a outorga
da construção da Estrada do Pacífico, projeto que pretende ligar a costa do
Pacífico peruano ao Brasil.
Nesta segunda-feira, 15, foi anunciado que o promotor José Domingo Pérez
entregou ao Poder Judiciário peruano o acordo de colaboração assinado com o
milionário peruano-israelita Josef Maiman, que em 27 de junho último reconheceu
diante dos promotores peruanos que a Odebrecht depositou em suas contas quase
35 milhões de dólares – 15 milhões a mais do que o valor delatado por Barata –
em subornos para o ex-presidente Toledo lavar o dinheiro em paraísos fiscais.
Toledo sempre negou vínculos com a corrupção e argumentou em diversas ocasiões
com a conhecida ladainha de que tudo é um ataque de seus inimigos e que seria
vítima de uma perseguição política.
Segundo
Jorge Barata declarou a promotores peruanos, o dinheiro foi entregue por
partes, entre 2004 e 2010, em contas de Maiman, que em suas declarações à
Promotoria peruana também assinalou que os fundos procedentes da construtora
eram derivados para a Ecoteva, uma empresa criada em nome da sogra de Toledo,
Eva Fernenbug.
A Odebrecht, como parte de um acordo judicial,
reconheceu ainda o pagamento de propina para ganhar obras públicas no Peru
entre 2005 e 2014, período que compreende os governos dos ex-presidentes
Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala.
Em depoimento a procuradores, o empresário
Marcelo Odebrecht também já tinha dito, em meados de 2017, que o grupo que leva
o nome de sua família teria repassado US$ 3 milhões ao candidato à presidência
do Peru, Humala, que comandou o país de 2011 a 2016. O pagamento tinha sido um
pedido do ex-ministro do PT, Antônio Palocci, e liberado pelo “Setor de
Operações Estruturadas”, criado dentro da empresa para a farta distribuição de
propina em troca de obras no Brasil e por demais países onde atuou.
A empreiteira iniciou suas operações no Peru em 1979 e controla 27 empresas no país — 19 de origem peruana e oito filiais de empresas brasileiras. Este número foi apresentado pelo jornal “El Comercio” em fevereiro de 2017. O levantamento foi feito em parceria com a Superintendência Nacional de Alfândegas e Administração Tributária do Peru (Sunat). Essas empresas atuaram em ao menos 52 obras públicas, afirma a publicação. Todas elas estão sendo investigadas.