Nas primeiras pesquisas sobre o segundo turno nas eleições presidenciais chilenas, Boric lidera com 40,4% de preferência enquanto que o candidato pinochetista – também apelidado de ‘Bolsonaro chileno’, José Antonio Kast, ficou com 24,5% dos entrevistados.
O levantamento foi divulgado pela agência Activa/Pulso Ciudadano e pela TV Canal 13.
Os números, divulgados neste domingo no programa Mesa Central, do Canal 13, mostram que 40,4% dos eleitores declaram voto em Boric – que pode se tornar o mais jovem presidente do país. Já Kast, apesar de ter sido o mais votado no primeiro turno, não passa, agora, de 24,5%.
Se considerados os votos válidos, retirando os 12,8% que disseram que não votarão no segundo turno, 15,5% que ainda não sabem em quem irão votar e 6,9% que declararam intensão de anular o voto, a diferença a favor do candidato da coalizão Aprovo Dignidade cresce e chega a 62% a 38% a favor de Boric.
A pesquisa ouviu 1.518 pessoas, de 23 a 26 de novembro. O segundo turno será realizado no dia 19 de dezembro.
No primeiro turno, Kast foi o mais votado, com 27,9% dos votos, seguido de perto por Boric, que obteve 25,8%.
Até o jornal El Mercurio, que é alinhado abertamente com a direita chilena, teve que admitir a vantagem de Boric e publicou uma outra pesquisa (realizada pela empresa Black and White) com Boric obtendo 44%, enquanto que Kast teria 41% das preferências.
“KAST É RISCO PARA A DEMOCRACIA”, ALERTAM INTELECTUAIS
Uma carta aberta assinada por acadêmicos, cineastas e artistas chilenos, no dia 26, alerta que o candidato extremista José Antonio Kast representa um perigo para a democracia do Chile.
Os intelectuais enfatizam que o discurso de Kast busca “a ativação de um ódio primário e do medo do outro. Usa a ‘segurança pública’ e pretexta com temas como a imigração, a criminalidade e o terrorismo para justificar a proposta de elevação do controle policial sobre a população”.
Além disso, denunciam que seu programa levaria à “demolição do Estado a favor de interesses privados e ao confisco dos direitos sociais e de bem-estar como saúde, educação, trabalho, aposentadorias e moradia, além da busca da exacerbação dos ganhos para consagrar o império financeiro”.
No documento acrescentam que a direita tem atacado conquistas democráticas a exemplo de Bolsonaro “que além de defender a militarização do país, tem emitido discursos de ódio contra a população indígena, negra e contra o papel das mulheres”.
Alertam ainda que Kast, em seu obscurantismo, “pretende intervir na educação a partir da religião em uma síntese falsamente moralizante”.