
Presidente colombiano ampliou de 12 para 16 as medidas na sua proposta de Consulta Popular, a fim de que sejam votadas democraticamente pela população
“De Barranquilla, terra da liberdade, enviamos uma mensagem ao Caribe e a toda a Colômbia: lutaremos quantas vezes forem necessárias pela Consulta Popular e não votaremos novamente em congressistas inimigos do povo trabalhador”, declarou o presidente Gustavo Petro, em resposta ao anúncio do presidente do Senado, Efraín Cepeda, de barrar as reformas em defesa da saúde pública, dos direitos sociais e trabalhistas.
Durante uma reunião pública no Passeio de Bolívar na terça-feira (20) à noite, o líder colombiano destacou a importância da região do Caribe para abrir caminho na agenda política, confrontando a reação dos que tentam impedir os avanços da democracia participativa por meio da corrupção do Legislativo.
Em seu discurso, Petro afirmou que seu governo continuará insistindo em referendos como um mecanismo para reativar reformas fundamentais para a melhoria da qualidade de vida dos mais de 53 milhões de crianças, jovens, trabalhadores, aposentados, pensionistas e empresários produtivos, que passariam a usufruir de riquezas do país, atualmente usurpadas por uma meia dúzia de oligarcas parasitas.
A Consulta Popular, que inicialmente continha 12 perguntas, foi rejeitada no dia 14 de maio pelo Senado por 49 votos a 47. Com uma votação a toque de caixa, 12 dos 108 senadores não conseguiram se pronunciar. Após ser divulgada a sabotagem do presidente do Senado e líder do Partido Conservador, Ivan Cepeda, foi amplamente condenada.
A relevância – e a necessidade – das medidas levou o governo a apresentar uma nova versão da Consulta, desta vez com 16 perguntas, ampliando seu propósito. “O Senado da República tem 30 dias para aprovar o referendo”, declarou Petro, destacando que “erros enormes são cometidos por meio de trapaças e estamos nos preparando para o referendo”.
“Não estou pedindo que votem no Petro. Não sonho em ser reeleito e não quero me tornar um drogadicto [viciado] do poder, porque isso me transformaria num assassino. Isso não é para mim. O que eu quero é que esses jovens tenham oportunidades”, reiterou.
A CONSULTA POPULAR AMPLIADA
Enfrentando o boicote dos ultraconservadores, o governo debateu e articulou com a sociedade uma a uma as questões didáticas e simbólicas a serem encaminhadas em forma de sim ou não:
1. Você concorda que a jornada de trabalho deve durar no máximo oito horas e que o horário diurno deve ser entre às 6h e às 18 horas?
2. Você concorda que o trabalho aos domingos ou feriados deve ser pago com um acréscimo de 100%?
3. Você concorda que as micro, pequenas e médias empresas produtivas, preferencialmente as associativas, devem receber juros no crédito e incentivos para seus projetos produtivos?
4. Você concorda que as pessoas possam ter as permissões necessárias para atender consultas médicas e licenças por períodos menstruais incapacitantes?
5. Você concorda que as empresas devam contratar pelo menos duas pessoas com deficiência para cada 100 trabalhadores?
6. Você concorda que os aprendizes do Serviço Nacional de Aprendizagem (SENA) e de instituições similares tenham um contrato de trabalho?
7. Você concorda que os trabalhadores de plataformas de entrega e transporte possam definir seu tipo de contrato e que seja garantido o pagamento da seguridade social?
8. Você concorda em estabelecer um regime de trabalho especial para que os empresários do campo garantam os direitos trabalhistas e o salário justo para os trabalhadores rurais?
9. Você concorda em eliminar a terceirização e a intermediação laboral por meio de contratos sindicais?
10. Você concorda que as trabalhadoras domésticas, mães comunitárias, jornalistas, atletas, artistas, motoristas e outros trabalhadores informais sejam formalizados ou tenham acesso à segurança social?
11. Você concorda em promover a estabilidade laboral por meio de contratos por tempo indeterminado como regra geral?
12. Você concorda em constituir um fundo especial destinado ao reconhecimento de um bônus previdenciário para os camponeses e camponesas?
13. Você concorda que o Governo Nacional compre ou produza os medicamentos necessários para garantir a entrega completa e oportuna aos pacientes?
14. Você concorda que as Entidades Promotoras da Saúde (EPS) deixem de ser intermediárias financeiras, se transformem em gestoras de saúde e a Administradora dos Recursos do Sistema Geral de Segurança Social em Saúde (ADRES) pague diretamente a hospitais e clínicas?
15. Você concorda que se deve garantir aos colombianos um modelo de atenção primária à saúde, preventivo e resolutivo, com ampliação dos serviços especializados necessários, de caráter público, privado e misto?
16. Você concorda em estabelecer um regime laboral especial que garanta aos empregados e trabalhadores da saúde a vinculação formal, os direitos trabalhistas e o salário justo?
Durante seu discurso, o presidente atacou diretamente os parlamentares que votaram contra o mecanismo democrático, e os acusou de agir contra os interesses de seus próprios eleitores, mencionando especificamente os senadores do departamento de Atlântico e outros a quem também acusou de irregularidades em suas campanhas.
OPOSIÇÃO CONTA COM DINHEIRO DO NARCOTRÁFICO
O presidente assinalou que esses congressistas “votaram contra seu próprio eleitorado” e denunciou que cometeram práticas ilegais, como compra de votos e recebimento de dinheiro do tráfico de drogas para financiar suas campanhas eleitorais.
“Esses senhores acham que podem se tornar carrascos e sabotar o referendo. Eles têm certeza de que, quando chegarem as eleições, vão sacar o dinheiro e haverá uma multidão atrás deles. Eu digo a eles: chega”, declarou o presidente Petro. As próximas estão marcadas para março de 2026.
Uma pesquisa realizada pela empresa Cifras y Conceptos, divulgada na quarta-feira (21) apontou que 57% dos colombianos concordam com a convocação do referendo pelo presidente para decidir sobre reformas que não foram aprovadas pelo Congresso.
Por faixa etária, os jovens entre 18 e 25 anos são os mais inclinados a votar a favor, com 66%, seguidos pelos cidadãos de 26 a 35 anos (64%) e pelos de 36 a 45 anos (61%).