
A Petrobrás anunciou que um dos planos da nova gestão da companhia será retomar a construção de plataformas e barcos de apoio no Brasil.
A informação, que promete trazer um novo sopro de esperança para a indústria naval brasileira, foi dada pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, em recente coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.
Segundo o executivo, isso só será possível a partir de um esforço coletivo com políticas públicas que estimulem o segmento. “Vai. Agora, vai fazer isso dentro de uma construção coletiva. Não basta a Petrobrás querer, ela precisa ter condições para fazer isso”, disse.
Prates argumentou que é necessário estabelecer uma política pública para estimular novamente o setor naval brasileiro. Ele destacou que os estaleiros e a indústria naval ainda não se encontram em um cenário competitivo para fortes investimentos. No entanto, avaliou que com a adoção de incentivos governamentais a construção de navios de apoio e demais plataformas no Brasil poderá ser um dos ramos mais rentáveis nos próximos anos.
“Se você fizer um levantamento, hoje, talvez, um equipamento bem complexo integralmente feito no Brasil saia três ou quatro vezes mais caro. Então, quando há uma discrepância a esse nível, é preciso política pública e outro tipo de abordagem a esse problema”, observou.
O presidente da Petrobrás avaliou também que existem novos horizontes para o setor naval, sobretudo com negócios em eólicas offshore. “São equipamentos [eólicos offshore] enormes, três ou quatro vezes maiores do que os equipamentos que vemos em terra. São equipamentos que precisam ser feitos localmente. Então, existem novos horizontes também”, avaliou.
O executivo destacou que, se todas essas possibilidades forem corretamente aproveitas, a indústria naval brasileira pode se aproveitar da necessidade de construção desses equipamentos para expandir novos horizontes no país.
Um estudo recente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) revelou o tamanho do tombo que o segmento viveu nos últimos tempos.
De acordo com a entidade, os valores contratados para projetos do ramo foram reduzidos drasticamente de R$ 9,5 bilhões, há dez anos, para R$ 570 milhões em 2021 – uma queda de cerca de 96%.
Ainda conforme o levantamento do Sinaval, dos 13 estaleiros de grande porte do país, a maior parte está operando abaixo da capacidade ou apenas atuando em serviços de reparos navais. O único estaleiro de grande porte que tem em vista um grande projeto pela frente é o Jurong (ES), que está se preparando para a construção do Navio de Apoio Antártico da Marinha do Brasil.