Medida está no contexto da sanha privatista do governo apoiada por Bolsonaro e Guedes
De comum acordo, os Conselhos de Administração da Novonor (ex-Odebrecht) e da Petrobrás, detentores do controle acionário da Braskem, concordaram e deram andamento ao processo de venda das ações da companhia. As empresas anunciaram oferta secundária de até ações 154 milhões de papéis na B3 (Bolsa de São Paulo) e na Bolsa de Nova York.
Desse total, 75,7 milhões de ações são da Petrobrás e 79,2 milhões pertencem à NSP Investimentos, holding da Novonor, ex-Odebrecht, que está em processo de recuperação judicial. Atualmente, a Novonor detém 38,3% da Braskem, sendo 50,1% de papéis ONs. A Petrobrás dispõe de 36,1% da Braskem, com 47% das ONs.
Na sexta-feira (14), protocolaram pedido de registro da operação junto na Comissão de Valores Imobiliários (CVM) no Brasil e na Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados unidos da América do Norte, órgão reguladores do mercado acionário lá e cá.
Pelo preço de fechamento da última sexta-feira das ações da Braskem, a operação movimentaria R$ 8 bilhões. Mais exatamente com base na cotação de fechamento das ações preferenciais da empresa na B3 e dos ADSs (recibo de ação negociado na Bolsa de Nova York), em 13 de janeiro de 2022, de R$ 52,05 e US$ 18,80, respectivamente.
A oferta é coordenada por Morgan Stanley, juntamente com J.P.Morgan, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, Santander e UBS BB.
Se a Novonor quer de desfazer de suas ações, inclusive para resgatar compromissos na sua condição de recuperação judicial é compreensível.
A Petrobrás se desfazer da sua participação acionária está no contexto das privatizações predatórias levadas a efeito no programa de desinvestimentos da empresa desde 2015 que, junto com o foco exclusivo de exploração e exportação do petróleo do Pré-Sal, vem presidindo a companhia.
A Braskem é maior e mais importante empresa petroquímica do Brasil e uma das grandes do mundo. Foi a principal aposta da Petrobrás em desenvolver empresas no setor fortalecendo a iniciativa privada, entrando inclusive como sócia ou capital a custo zero. Foi também fortemente subsidiada por financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e por capital do Bandespar, braço de investimentos do BNDES.
A direção da Petrobrás, com a concordância de Guedes e Bolsonaro, ao abrir mão de todo esse esforço financeiro e de conquista de tecnologia em um setor de ponta, estratégico para qualquer economia nacional, não esconde a mentalidade subalterna ao neoliberalismo que traz entre seus propósitos tornar o Brasil um produtor e exportador de matéria primas e mercado comprador dos produtos produzidos pelos países centrais.
Uma repetição do colonialismo do século XIX, cuja execução está em curso e produziu a maior crise econômica e social que o Brasil já viveu.
Desemprego, queda na renda, endividamento das famílias, inflação, carestia, recessão econômica, miséria, fome, devastação ambiental. Um sistema internacional cuja “virtude” mais recente foi criar um novo bilionário a cada 26 horas desde o início da crise humanitária.
A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira e segunda geração de resinas termoplásticas no Brasil. Isso se traduz em vantagens competitivas, como escala de produção e eficiência operacional. A primeira geração produz os petroquímicos básicos como eteno e propeno a partir da nafta, do gás natural e do etano.
A Companhia tem por objeto: a) fabricação, comércio, importação e exportação de produtos químicos e petroquímicos, e derivados de petroquímica; b) produção, distribuição e comercialização de utilidades tais como: vapor, águas, ar comprimido, gases industriais, assim como a prestação de serviços industriais; c) produção, distribuição e comercialização de energia elétrica para seu consumo próprio e de outras empresas; entre ouras previstas no objeto social da empresa. https://www.braskem.com.br/portal/RI/arquivos/Anexo%20E%20-%20Aviso%20ao%20Mercado.pdf
J.AMARO