Pedro Parente anunciou e comemorou que a Petrobrás teve um lucro líquido de R$ 6,96 bilhões, no primeiro trimestre deste ano. Segundo o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, “o lucro da Petrobrás no período é fugaz, fruto de ganhos nas cotações internacionais do petróleo e das vendas dos campos de Lapa, Iara e Carcará, no pré-sal. Depois, adeus, não existe mais campo para exploração brasileira. Ficou tudo nas mãos das multinacionais”.
Este resultado não representa o fortalecimento da empresa como quiseram passar, tanto Parente, que atualmente age mais como lobista alugado por multinacionais, quanto os “analistas de mercado”, escolhidos a dedo para aplaudir o desmonte da estatal para dizer que a empresa está no caminho certo. Este caminho que está sendo trilhado pela quadrilha que ocupa o Planalto e a Petrobrás só é certo para os interesses do cartel do petróleo. Este não é o caminho que interessa à Petrobrás e muito menos ao Brasil.
A queima dos ativos e a redução dos investimentos podem “positivar” o balanço de forma fugaz, conforme diz Fernando Siqueira, mas no médio e no longo prazo enfraquece a capacidade da empresa de atuar nas áreas de prospecção, exploração, transporte e refino de petróleo. A redução dos investimentos, que já vem ocorrendo desde o governo Dilma, e que agora está se intensificando com a queima de ativos, vai prejudicar muito o futuro da Petrobrás. Parente também anunciou que não serão feitos investimentos, e que boa parte do saldo obtido neste primeiro trimestre será usado para pagar dividendos aos acionistas, grande parte deles especuladores de Wall Street.
De acordo com Siqueira, “o problema é que com a Petrobrás se desfazendo de seus ativos (campos de petróleo, gasoduto, ações da BR Distribuidora, Liquigás), o país vai se afundar cada vez mais”. Ficaremos cada vez mais dependentes de empresas estrangeiras que vêem aqui para extrair o nosso petróleo de forma gananciosa, sem planejamento e sem controle por parte do país. Além disso, o lucro obtido pelas multinacionais com a venda do petróleo do pré-sal, que foi descoberto pela Petrobrás, será remetido para fora.
Segundo o economista da Aepet Cláudio Oliveira, a principal causa do lucro de R4 6,9 bilhões foi o registro contábil do ganho com a venda das reservas de Lapa, Iara e Carcará”. O problema é que esses campos passaram para as mãos estrangeiras. A partir de agora, não tem rendimentos para o Brasil. Assim como os demais ativos vendidos, como gasoduto, campos de petróleo e petroquímica.
A política de Temer tem exacerbado o chamado desinvestimento, isto é, a venda de ativos, em um verdadeiro desmonte da principal empresa do país. Assim, foi vendida a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), malha de gasodutos nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo a um fundo de investimento liderado pela canadense Brookfield.
No pré-sal, foram vendidos os campos de Carcará, para a estatal norueguesa Statoil, fatias de Lapa e Iara para francesa Total. A Gaspetro foi vendida para a japonesa Mitsui, investigada na Lava Jato. Vendida também a Companhia de Petroquímica de Pernambuco. Venda de ações da BR Distribuidora. O desmonte da estatal inclui a venda de quatro refinarias. Para finalizar, sem necessidade, antecipou pagamento de US$ 3 bilhões a acionistas nos Estados Unidos.