
“O botijão de gás é vendido pela Petrobrás às empresas por R$ 37. Não tem explicação ele chegar a R$ 120 reais. Alguém está ganhando muito dinheiro com isso”, disse o presidente Lula
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou o retorno da estatal ao setor de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP) – popularmente conhecido como gás de cozinha-, em reunião realizada na quinta-feira (7).
Hoje, o preço médio do botijão de GLP de 13 kg para os consumidores figura em R$ 108,31, de acordo com o site da Petrobrás, considerado pesado para o bolso dos consumidores.
Essa contrariedade foi exposta pelo presidente Lula, em maio deste ano, durante a inauguração de obra da transposição do Rio São Francisco, em Cachoeira dos Índios, na Paraíba.
“A Petrobrás manda o gás de cozinha a R$ 37. Quando é que chega aqui? Cento e dez reais, R$ 120, tem estado que é R$ 140. E eu posso dizer para vocês que está errado. Vocês não podem pagar R$ 140 por uma coisa que custa R$ 37 da Petrobrás. Está certo que tem o custo do transporte, mas não precisa pagar tanto”, disse Lula. “Alguém está ganhando muito dinheiro com isso”
A Petrobrás atuou na distribuição de gás e combustíveis até 2021, quando Bolsonaro (2019-2022) resolveu vender as subsidiárias Liquigás, entregue ao consórcio Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás, em 2020, e a BR Distribuidora, em 2019, hoje da Vibra Energia.
A Liquigás estava presente em todos os estados, tinha 23 centros de operação e uma rede de aproximadamente 4,8 mil revendedores autorizados. A subsidiária da Petrobrás detinha 21,4% de participação de mercado, ou seja, de cada cinco botijões vendidos, um era da Liquigás.
A BR era a maior distribuidora de combustíveis do País, com 30% do mercado de combustíveis e lubrificantes e quase 8 mil postos. Considerada a “joia da coroa” da estatal, a BR levava combustíveis aos confins do Brasil, lugares onde as outras não vão, um patrimônio e uma referência de competência e compromisso com a população brasileira. Na privatização da BR foi firmado que até 2029 a Petrobrás não pode concorrer com a Vibra na distribuição de gasolina e diesel e, apesar da mudança de nome, a Vibra manteve a marca “BR” por dez anos.
Com a Petrobrás fora da distribuição de gás, o preço do gás de cozinha, importante para as famílias brasileiras, ficou totalmente à mercê de distribuidoras privadas – majoritariamente estrangeiras – que passaram a elevar os preços do insumo em busca de ganhos extraordinários. O preço do GLP de 13 kg, o botijão usado nas residências, chegou a ultrapassar a marca dos R$ 150 durante o desgoverno Bolsonaro.
LUCRO
Na quinta-feira (7), a Petrobrás divulgou o balanço do segundo trimestre de 2025. A petroleira registrou lucro líquido de R$ 26,7 bilhões, “com destaque para o aumento da produção de óleo que compensou os impactos da queda de 10% no preço do Brent no trimestre”.
Apesar deste bom desempenho, o resultado é 24,3% menor que o do primeiro trimestre (R$ 35,2 bilhões) – um efeito da queda no preço internacional. No segundo trimestre de 2024, a empresa havia registrado um prejuízo de R$ 2,6 bilhões.
Excluídos eventos atípicos, o lucro do segundo trimestre foi de R$ 23,2 bilhões (US$ 4,1 bilhões), alcançando um patamar similar ao do trimestre anterior.
No segundo trimestre deste ano, a produção média de petróleo da estatal alcançou 2,3 milhões de barris por dia, alta de 5% em relação ao primeiro trimestre e de 8% frente ao mesmo período de 2024. Esse desempenho se deve pelas novas plataformas, que entraram em operação no período. Além do aumento da eficiência nos campos já existentes.
A presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, destacou que a estatal está acelerando os investimentos em projetos de alta atratividade. “Nos primeiros seis meses do ano, investimos R$ 48,8 bilhões, um crescimento de 49% em relação ao mesmo período do ano passado”, afirmou.
No segundo trimestre, a Petrobrás investiu R$ 25,1 bilhões (US$ 4,4 bilhões). O segmento de Exploração e Produção representa a maior parcela deste montante, com US$ 3,7 bilhões
Já os investimentos no segmento de refino, transporte e comercialização, conforme informou a companhia, “foram direcionados para a reativação da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A, além da conclusão da obra de ampliação (REVAMP) do Trem 1 da RNEST no final de março e o início da operação da unidade de hidrotratamento de diesel (HDT) da REPLAN, em maio”.
De acordo com a estatal, “o parque de Refino atingiu 91% de FUT (fator de utilização) com manutenção do rendimento de derivados de alto valor agregado, com 68% de diesel, gasolina e QAV no volume total de produção”.
DIVIDENDOS
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) para acionistas, como antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2025. Nos primeiros três meses deste ano, a estatal já havia distribuído R$ 11,72 bilhões.
Em nota, a Petrobrás afirma que “o pagamento proposto está alinhado à Política de Remuneração aos Acionistas (Política) vigente, que prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no Plano de Negócios em vigor (atualmente US$ 75 bilhões), e observadas as demais condições da Política, a Petrobrás deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre. Esta distribuição não compromete a sustentabilidade financeira da companhia”.
Os dividendos serão pagos em duas parcelas nos meses de novembro e dezembro de 2025.