
A justificativa para esse escândalo foi uma alto fluxo de caixa. Esse fluxo alto deveria ser usado para ampliar os investimentos em refino para reduzir as importações que o país faz de derivados
A Petrobrás aprovou o pagamento de dividendos aos acionistas, relativa ao Exercício Social de 2024, no valor total de R$ 73,9 bilhões. Esse valor inclui as antecipações aprovadas ao longo de 2024 e pagas até março de 2025 de R$ 64,8 bilhões, e a proposta aprovada de dividendos adicionais de R$ 9,1 bilhões que serão pagos em duas parcelas nos meses de maio e junho de 2025. A decisão foi tomada na Assembleia Geral Ordinária (AGO) realizada na quarta-feira (16).
O lucro líquido da Petrobrás em 2024 foi de R$ 36,6 bilhões. Apesar disso a direção da empresa distribuiu R$ 73,9 bilhões em dividendos no período. A justificativa de que a decisão baseou-se no fluxo de caixa da empresa e em eventos exclusivos é insustentável. A alegação também de que não fossem esses eventos e o lucro seria de R$ 103 bilhões é mais insustentável ainda. O fato é que a empresa pagou mais de 100% de dividendos sobre seu lucro líquido.
E mesmo que o lucro tivesse sido realmente de R$ 103 bilhões, a empresa teria entregue aos acionistas 72% (R$ 73,9 bi/R$ 103bi) desse suposto lucro, quando, na verdade, as normas definem que a empresa deve pagar um mínimo de 30% em dividendos aos acionistas.
A anterior e a atual administração parece querer manter a fama da Petrobrás como “máquina de dividendos”, tantos foram estes, em especial no governo de Bolsonaro. Em 2023 essa política também esteve presente, foram 75% dos lucros do ano distribuídos como dividendos. Os lucros foram R$ 124,6 bilhões e os dividendos R$ 94 bilhões.
A geração de caixa somadas de 2023 e 2024 chegam a mais de R$ 400 bilhões, não se fala na construção de novas refinarias. Não faz sentido o país ter uma Petrobrás grande exportadora de petróleo e termos que importar derivados!
Então a Petrobrás vai bem, nos lucros, na geração de caixa, e nestes dois últimos anos melhor um pouco nos investimentos, mas voltados especialmente para a exploração do petróleo. Segue a política de realização de lucros imediatos, através da exportação. Parte maior desses lucros deveriam ser investidos no refino.
A empresa parece alinhada aos interesses dos acionistas minoritários, hoje, na verdade, nem tão minoritários assim, boa parte estrangeiros. Esses acionistas estão pouco interessados na Petrobrás como garantidora da segurança energética do país. A companhia segue uma estratégia com foco centrado na exploração e exportação do petróleo bruto com farta distribuição de dividendos.