Medida não atinge o preço do botijão de gás que acumula aumento de 60% no governo Bolsonaro
A direção da Petrobrás anunciou na terça-feira (10) a redução de 11,1%, em média, no preço do gás natural para distribuidoras, a partir do dia 1º de fevereiro.
A redução refere-se aos contratos praticados no trimestre entre novembro e janeiro de distribuição de gás natural transportado e distribuído por dutos que levam o insumo às residências e para vários setores da indústria. Ou seja, não atinge o preço do botijão de gás, composto por gás liquefeito de petróleo (GLP), usado por grande parte das famílias brasileiras e que teve um aumento de 59,99% durante o governo de Jair Bolsonaro, entre janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2022 – passando de R$ 69,20 para R$ 108,64, de acordo com a média acompanhada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).
No ano de 2022, o gás encanado fechou em alta de 16,58% e do botijão de gás, alta de 6,27%, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice de inflação oficial calculada pelo IBGE, que fechou em 5,79% no período de 12 meses (janeiro a dezembro).
Inalterada durante o governo de Bolsonaro, a prática de preços nos dois tipos de gás segue a mesma lógica dos demais combustíveis que são produzidos pela Petrobrás, que é a política de paridade internacional, que mantém os preços dolarizados e dependente do mercado internacional (conhecida formalmente por Paridade de Preços de Importação (PPI) . Se observada seu histórico desde sua implementação formal em 2016, no PPI os preços dos combustíveis mais trilharam os desvios das altas dos que os das quedas, penalizando os consumidores, principalmente os mais pobres, que sem ter como custear o botijão, são obrigados a usar lenha para cozinhar.
Nesse período, medidas paliativas foram tomadas (cortes de impostos, auxílio gás, etc.) para atenuar os períodos de altas expressivas nos preços. Mas, na prática, essas ações se esgotam sob a pressão de novos aumentos.
Já a renda obtida pela política extorsiva dos preços dos combustíveis não foi revertida na ampliação do refino nacional nestes quatro anos de governo Bolsonaro, pelo contrário, ele desmontou o patrimônio da Petrobrás entregando seus gasodutos, suas refinarias e demais ativos à empresas estrangeiras e privadas nacionais, sendo o espólio – o conjunto da riqueza adquirida por meio dos altos custos dos combustíveis, mais a renda vinda das privatizações dos ativos da estatal – transferidas para as contas dos acionistas da petroleira – que majoritariamente são estrangeiros.
Ao todo, até novembro, foram repassados aos acionistas da Petrobrás cerca de R$ 180 bilhões em antecipação de dividendos, superando os R$ 101 bilhões distribuídos em todo o ano de 2021.
Com o novo governo, a esperança é que esta barbárie acabe. O presidente Lula durante a campanha se comprometeu em alterar a política de preços da Petrobrás, trazendo os preços dos combustíveis a realidade do povo brasileiro.