A mobilização dos petroleiros contra a ameaça de Bolsonaro de privatizar a Petrobrás cresce a cada dia. Após assembleias da categoria realizadas pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Sindipetro, em todo o país, mais de 90% dos petroleiros aprovaram desencadear uma greve geral por tempo indeterminado caso o governo encaminhe ao Congresso Nacional projeto de lei de privatização da empresa, como tem sinalizado desde o ano passado.
Segundo a FUP e os Sindipetros locais, a participação da categoria nas assembleias, que aconteceram em duas semanas. também debateram a contraproposta do Acordo Coletivo apresentado pela Petrobrás, foi massiva.
A contraproposta, que impõe uma série de perdas aos trabalhadores, como 5% de reajuste salarial – menos da metade da inflação –, desregulamentação do plano de saúde (AMS), com a retirada da garantia do benefício no ACT e a imposição da paridade do custeio (50% empresa e 50% trabalhadores), foi rejeitada por unanimidade pela categoria.
“A rejeição da contraproposta da empresa por unanimidade é um recado para os gestores de que a categoria está unida e que não aceitará retirada de direitos, insegurança e arrocho para que os acionistas continuem recebendo bilhões às custas dos trabalhadores e dos altos preços dos combustíveis, que sangra o povo brasileiro”, afirma o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.
No sábado (9), aconteceu a última grande assembleia da categoria, na Bahia, um dos estados mais afetados com o desmonte da Petrobrás, com fechamento de unidades e privatizações de diversos setores. Os 308 trabalhadores presentes à assembleia rejeitaram os ataques à Petrobrás, e aprovaram a greve com data a ser definida pela FUP.
No Norte Fluminense, nas bases do Sindipetro Unificado, mais de 600 petroleiros participaram da convocação, rejeitaram a contraproposta apresentada pela empresa e aprovaram a greve contra a privatização. O mesmo aconteceu nas assembleias de Duque de Caxias (RJ), no Amazonas, Rio Grande do Norte, Espírito Santos, Pernambuco, Paraíba, Ceará, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com mais de 95% de aprovação dos trabalhadores.
Nos próximos dias, a partir desta segunda (11), quando a FUP comunicará formalmente a decisão da categoria à direção do Sistema Petrobrás sobre as reivindicações dos petroleiros e o indicativo de greve, a diretoria da entidade estará em Brasília para uma série de ações em defesa dos trabalhadores e da Petrobrás.
A decisão sobre a greve da categoria, caso o governo e o Congresso Nacional deem andamento a qualquer proposta de privatização da Petrobrás, também será comunicada aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, e também ao Ministério das Minas e Energia.
Caso o processo de privatização da Petrobrás tenha andamento, “o país enfrentará a maior greve da história da Petrobrás”, diz a FUP.
Na terça-feira (12), a diretoria da FUP e seus sindicatos participam do ato unificado em defesa das empresas estatais, da soberania nacional e dos recursos do Pré-Sal para a saúde e a educação, a partir das 13h30, no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados. Logo em seguida, os petroleiros participam de ato do Movimento “Vamos juntos pelo Brasil”, às 17h, com participação de Lula, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães.
Ainda em Brasília, na quarta-feira (13), a FUP e os sindicatos filiados realizam mais uma ação do gás a preço justo, subsidiando a venda de botijões de gás de cozinha pela metade do preço para famílias de baixa renda, na cidade satélite de São Sebastião.