Petroleiros iniciam greve e denunciam repressão durante manifestação na Reduc

Foto: FUP

Os trabalhadores do sistema Petrobrás iniciaram greve nacional nesta segunda-feira (15) por tempo indeterminado. Em uma maratona de assembleias em todo o país, os petroleiros rejeitaram a contraproposta apresentada pela direção da empresa do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que prevê 0,5% de aumento real, além de tentativas de retirada de direitos.

Em comunicado, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) aponta pelo menos três itens reivindicados pela categoria que a contraposta da empresa não contempla, como: fim dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, que promove descontos extras na remuneração de trabalhadores, aposentados e pensionistas para cobrir déficits do fundo de previdência da Petrobras; aprimoramentos no plano de cargos e salários e garantias contra mecanismos de ajuste fiscal; além do fim de parcerias e terceirizações que, na avaliação dos sindicatos, “precarizam o trabalho” e abrem caminho para privatizações.

“A categoria quer respeito, dignidade e uma justa distribuição da riqueza gerada”, afirmou a FUP em nota. Segundo a entidade, “a greve aprovada nas assembleias é por um ACT forte, que recupere direitos perdidos, garanta condições decentes de trabalho e resolva de forma definitiva os equacionamentos da Petros”.

Foto: FUP

A estimativa é que cerca de 40% dos funcionários efetivos participem da paralisação, para que a produção não seja interrompida.

A FUP questiona a gestão da atual presidente da empresa, Magda Chambriard, afirmando que ela tem dificultado negociações com os trabalhadores e tomado decisões, como transferências forçadas e demissões sem justificativas na área de exploração e produção, que dificultam o “diálogo com os sindicatos”.

Sobre o impasse na questão dos PEDS a entidade afirma: “Desde o início da negociação coletiva, a FUP e seus sindicatos deixaram claro à gestão da Petrobrás que o fim dos equacionamentos é um ponto central para a assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). É inadmissível que, após quase três anos de negociações, a empresa não avance na apresentação de uma proposta que coloque um ponto final nos PEDs”, afirmou.

Além disso, a entidade questiona o volume de recursos destinados aos acionistas. Em nota de apoio a greve, as centrais sindicais afirmam que “no último período, foram registrados aumento da produção e crescimento expressivo dos lucros, assegurando aos acionistas dividendos que se aproximam de R$ 100 bilhões – recursos que não são revertidos de forma justa aos trabalhadores e trabalhadoras que sustentam a Petrobrás”.

“Esse contraste torna a situação ainda mais incoerente e espantosa, sobretudo porque são esses profissionais que, mesmo em meio a crises e instabilidades econômicas, garantem resultados recordes, com uma produção que chega a 4 milhões de barris de petróleo por dia”, destacam as centrais sindicais.

Foto: Reprodução/Instagram

REPRESSÃO POLICIAL

No início da tarde desta segunda-feira, o Sindicato de Petroleiros divulgou uma nota de repúdio à agressão sofrida por grevistas durante uma manifestação na Reduc, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Segundo a nota, grevistas foram presos “de forma ilegal e arbitrária” por policiais militares. Um vídeo gravado pelos manifestantes, que circula nas redes, mostra o momento em que dois diretores do sindicato são fortemente agredidos e, inclusive, jogados ao chão e algemados pelos policiais.

“O secretário geral do Sindicato, Marcello Bernardo, e o membro titular da CIPA, Fernando Ramos, foram presos de forma ilegal e arbitrária enquanto exerciam o legítimo direito de greve, em uma ação que demonstra o abuso de autoridade por parte das forças policiais”, afirma a nota do sindicato.

“Ao invés de dialogar com os representantes dos trabalhadores, os policiais se utilizaram de truculência e agiram de forma violenta, destruindo e arrancando faixas e materiais do sindicato. Ambos foram algemados e levados, de forma aviltante, ao camburão, sendo conduzidos até a delegacia”, completa a nota.

Também em comunicado, a AEPET-BA (Associação dos Engenheiros da Petrobrás) se solidarizou com os dirigentes sindicais agredidos afirmando que repudia a violência, manifesta solidariedade aos trabalhadores e denuncia “a criminalização da luta sindical”. “O episódio escancara o ataque aos direitos democráticos da categoria petroleira”, afirma a Associação.

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