Operador do esquema de corrupção no Rio de Janeiro, segundo o Ministério Público (MP), Carlos Miranda, em colaboração homologada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que o grupo pagava uma mesada de R$ 150 mil ao governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
De acordo com Miranda a propina dada a Pezão, que na época era vice-governador, incluía décimo terceiro salário e dois bônus, cada qual no valor de R$ 1 milhão, entre 2007 e 2014.
No início do governo Cabral, em 2007, Miranda como operador do esquema foi encarregado pelo então governador a pagar R$ 150 mil mensais a Pezão. Depois que Cabral deixou o governo do Estado, Pezão passou a pagar propina a Cabral num valor mensal de R$ 400 mil.
O depoimento ressalta que uma propina extra de R$ 300 mil pagou os serviços prestados por uma empreiteira na casa de Pezão em Piraí, município do Vale do Paraíba fluminense.
Miranda revelou o envolvimento de Pezão com os empreiteiros responsáveis pela instalação de placas de energia solar nos postes ao longo dos 72km do Arco Metropolitano, que custaram ao governo do estado R$ 96,7 milhões. Ele disse que recebeu ordem Cabral para pagar R$ 300 mil à empresa High End, especializada em painéis solares, como remuneração por serviços prestados na casa de Pezão.
Para efetuar o pagamento, Pezão acionou o doleiro Renato Chebar, que também fechou acordo de colaboração premiada com a Operação Calicute, e o dinheiro foi entregue por uma pessoa designada por Chebar nas mãos de Luiz Fernando Amorim, dono da empresa High End, segundo o operador do esquema.
O primeiro, dos dois bônus, segundo Miranda, foi repassado em quatro parcelas no escritório do lobista Paulo Fernando de Magalhães Pinto, em Ipanema. Magalhães chegou a ser preso com Cabral, mas hoje vive sob regime de prisão domiciliar.
O segundo prêmio, foi detalhado em outro anexo da delação, referente a Construtora JRO, segundo jornal “O Globo” que obteve acesso ao anexo 21 da delação de Miranda.
Pezão, por meio da assessoria afirmou que “repudia com veemência essas mentiras”.
A delação já foi encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), corte competente para julgar Luiz Fernando Pezão, que tem foro especial por ser governador.
BELTRAME
Carlos Miranda também afirmou no depoimento que o ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame foi um dos beneficiados pelo esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral. De acordo com Miranda, de 2007 a 2014, Beltrame teria recebido R$ 30 mil por mês. Os recursos teriam sido entregues à mulher dele, Rita Paes.
No anexo 40, ele contou que, antes de chegar às mãos dos Beltrame, o dinheiro seria repassado ao empresário Paulo Fernando Magalhães Pinto, o mesmo que recebeu a propina bônus de Pezão e fez o repasse.
Na época, Paulo Fernando era dono do apartamento alugado pelo delegado. O imóvel, localizado em Ipanema, tinha um alto custo: aluguel de cerca de R$ 15 mil, condomínio de R$ 5 mil e IPTU em torno de R$ 7 mil, de acordo com reportagem publicada pelo jornal Extra em 2016.
Com as revelações de Miranda, Paulo Fernando deverá ser chamado novamente pela força-tarefa da Calicute, para detalhar o esquema de pagamento a José Mariano Beltrame.
Beltrame afirmou que coloca as declarações de bens, contas bancárias e outros dados patrimoniais à disposição das autoridades, e que nunca recebeu propina.