A Polícia Federal abriu 31 inquéritos para investigar suspeitas de incêndios criminosos no país. Ao todo, 29 inquéritos são sobre ocorrências na Amazônia e no Pantanal. Outras duas investigações envolvem São Paulo, que tem 48 municípios em alerta máximo de queimadas.
Duas pessoas foram presas neste fim de semana por atear fogo em áreas de mata de Batatais e São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. O estado concentrou, entre sexta e sábado, mais de 30% dos focos de calor do Brasil, com quase 2.200 registros.
No último domingo (25), o presidente Lula participou de uma reunião com ministros e dirigentes do Ibama e ICMBio, no Prevfogo, em Brasília. Lula afirmou que há pessoas colocando fogo na Amazônia, no Pantanal e, sobretudo, em São Paulo. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que 15 delegacias no interior paulista e a Superintendência Regional da PF no estado participam das investigações.
Segundo o governo, mais de 3 mil brigadistas atuam no combate ao fogo no país, cerca de 1.500 na Amazônia, que enfrenta a pior seca em 40 anos.
QUASE 50 CIDADES
O último boletim divulgado pelo governo estadual, na noite de domingo, mostra que subiu para 48 o número de cidades em alerta máximo para queimadas, conforme dados de monitoramento do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil. O número de cidades aumentou em relação ao último comunicado feito pelo Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
De acordo com o boletim, o número de cidades com focos ativos de incêndio baixou para seis. Além disso, o governo anunciou que todas as rodovias paulistas que estavam interditadas devido à fumaça, que atrapalhava a visibilidade, também foram liberadas.
Ainda segundo o comunicado, o governo estadual dará continuidade, no início desta semana, às atividades do gabinete de crise e do posto avançado em Ribeirão Preto para coordenar o combate às queimadas no interior do estado. Ao todo, 15.335 pessoas estão envolvidas nos trabalhos de combate às chamas e orientação.
O fogo começou na última quinta-feira (22), mas se espalhou nesta sexta-feira (23). Uma Área de Preservação Permanente (APP), plantações de cana e pasto foram atingidos por um incêndio de grandes proporções, na Estrada Vicinal Adriano Pedro Assis, no município de Votuporanga.
“O governo federal, por meio das Forças Armadas, enviou sete aeronaves, incluindo um KC-390, para ajudar no combate às queimadas. Também estão em operação outras dez aeronaves da Polícia Militar, além de 614 viaturas do Corpo de Bombeiros e 1.936 caminhões-pipa, entre mais de 3 mil veículos empregados na operação, contando equipamentos do estado e fornecidos por empresas da região”, diz o comunicado.
ATÍPICOS
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou no domingo que os incêndios registrados no interior de São Paulo são atípicos e precisam ser investigados. Segundo Marina, há queimadas no interior paulista, no Pantanal e na Amazônia. A Polícia Federal abriu dois inquéritos para apurar as causas das queimadas em São Paulo.
O tempo seco e o vento contribuíram para que diferentes cidades do país amanhecessem cobertas por fumaça. “Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência na nossa trajetória de tantos anos de abordagem do fogo”, disse Marina.
“Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo”, afirmou. O “dia do fogo”, mencionado pela ministra, foi marcado por uma série de incêndios criminosos em agosto de 2019 no Pará.
“Em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que, em poucos dias, você tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios. Mas obviamente isso aí são as investigações que vão dizer”, afirmou a ministra.
A Polícia Federal abriu dois inquéritos para apurar as causas das queimadas no interior paulista. Segundo Marina, também estão em curso na PF outros 31 inquéritos para apurar incêndios no Pantanal e na Amazônia.
No caso de São Paulo, a competência federal para investigar os incêndios foi justificada pelos prejuízos causados ao funcionamento dos aeroportos de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. “Só a investigação vai poder identificar o que está por trás dessas ações”, disse o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues. Segundo o delegado, serão usadas imagens de satélite para identificar os pontos iniciais dos incêndios.