Em fevereiro foram encontradas 60 espécies silvestres criadas ilegalmente; em abril, mais 55 pássaros foram apreendidos
Quem disse que o que está ruim não pode piorar? É assim que pode ser vista a vida de Anderson Torres. O ex-ministro da Justiça do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), é alvo de novo inquérito da PF (Polícia Federal).
A investigação aberta nesta semana, que corre em segredo, está relacionada aos pássaros apreendidos na casa dele, conforme apuração.
Os investigadores verificam possíveis agressões contra os animais. Então, agora, além da patranha golpista que o ex-ministro se meteu em conluio com Bolsonaro, tem essa agora que é crime comum de rastaquera.
EIS O PROBLEMA
Em fevereiro, o ex-ministro foi multado em R$ 54 mil pelo Ibram (Instituto Brasília Ambiental) em razão de irregularidades na criação de pássaros.
À época, o órgão encontrou cerca de 60 animais de espécies silvestres criadas ilegalmente. Imagine-se, um delegado federal cometendo crime desse nível. Trata-se, então, de nonsense.
No mês passado, o Ibram realizou outra operação na casa do ex-ministro, desta vez com a participação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais). E outros 55 foram apreendidos e levados para centro de triagem de animais silvestres.
JOÃO SEM BRAÇO
Análise posterior mostrou que Torres havia transferido todo a infraestrutura que ele tinha em casa para a casa da mãe dele e que ambos teriam ultrapassado o limite de transferência estabelecido para criadores amadoristas.
De acordo com o Ibama, os dois informavam o mesmo endereço nos respectivos registros de criação, também compartilhado por um criadouro comercial, o que é proibido pela legislação.
Ou seja, tentou dar uma de “João-sem-braço”. Ou quis ser mais esperto do que a esperteza. O “João-sem-braço” no folclore popular é alguém que finge não entender o que está acontecendo para tirar vantagem de determinada situação ou garantir algo em benefício próprio.
O caso é investigado pela delegacia do Meio Ambiente do Distrito Federal, que deve coletar nos próximos dias o depoimento do ex-ministro.
Por envolver o Ibama, agora o assunto também passa a ser apurado pela PF.
M. V.