A Polícia Federal aceitou o pedido do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, para uma colaboração premiada e o Supremo Tribunal Federal (STF), que precisa dar o aval, está avaliando.
Segundo a jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, Mauro Cid esteve no STF na quarta-feira (6) negociando os termos de sua colaboração, indicando que as conversas estão avançadas. O caso também precisa passar pelo Ministério Público Federal (MPF).
As investigações sobre Mauro Cid e, principalmente, uma colaboração premiada assustam Jair Bolsonaro porque seu ex-ajudante de ordens estava diretamente envolvido em todos os seus esquemas.
Cid esteve preso por conta da fraude nos cartões de vacinação, é investigado pelo desvio e venda de joias e foi flagrado mantendo conversas e planos golpistas com aliados depois das eleições.
Ele também é investigado no caso do hacker Walter Delgatti, com quem Bolsonaro teve conversas sobre fraudar urnas eletrônicas.
Ainda não se sabe qual será o foco da colaboração premiada à Justiça.
Mauro Cid e seu pai, Mauro Lourena Cid, já estavam com uma estratégia de defesa distante da de Jair Bolsonaro. O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, falou que ele faria uma “confissão” nos depoimentos sobre as joias desviadas, mas sem incriminar Jair Bolsonaro.
Com uma colaboração, o cenário muda. A tendência é que Mauro Cid entregue o que sabe sobre a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro nos crimes que estão sendo investigados.
Jair Bolsonaro, sua esposa Michelle, o advogado Fabio Wajngarten e o assessor Marcelo Câmara ficaram em silêncio nos depoimentos simultâneos realizados pela PF. Mauro Cid e seu pai, além do ex-assessor Marcelo Crivelatti, falaram por horas.
Nesses depoimentos, a Polícia Federal queria ouvir os investigados sobre o caso das joias que foram desviadas e vendidas nos Estados Unidos. Bolsonaro se apropriou ilegalmente de presentes que recebeu de países estrangeiros para fazê-los “virar dinheiro”.
No celular de Mauro Cid, a PF encontrou provas de que as joias foram levadas para os EUA no avião presidencial, com Bolsonaro a bordo, e que o dinheiro da venda foi entregue para Jair Bolsonaro por fora das contas bancárias.
O grupo criminoso teve que “recomprar” as joias vendidas depois que o Tribunal de Contas da União (TCU), seguindo as leis brasileiras, determinou que elas deveriam ser integradas ao acervo público da Presidência.
Segundo Andréia Sadi, quando Mauro Cid prestou depoimento sobre o caso do hacker Walter Delgatti Neto, no dia 28 de agosto, a colaboração premiada já estava sendo negociada.