
A Polícia Federal encontrou na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, uma proposta de decreto presidencial para reverter o resultado das eleições presidenciais a partir de uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Anderson Torres está nos Estados Unidos, enquanto a Polícia espera sua volta para o Brasil para prendê-lo, conforme determinação judicial.
Segundo a minuta encontrada, guardada no armário do ex-ministro bolsonarista e ainda manuscrita, o objetivo era anular a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, mantendo-o no poder a partir de um golpe.
O plano seria intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir da decretação de um “estado de defesa”.
Anderson Torres está sendo investigado por ter sabotado a segurança do DF e permitido, enquanto secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, a invasão dos bolsonaristas à Praça dos Três Poderes e o ataque ao Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional.
Ele foi demitido da Secretaria na tarde de domingo, enquanto o ataque ocorria. A pedido da Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou sua prisão.
A operação de busca e apreensão em sua residência foi realizada na terça-feira (10) e teve o objetivo de encontrar provas de sua participação no ataque antidemocrático.
Além do documento golpista, a PF apreendeu seu notebook, pendrives e outros arquivos.
Anderson Torres está nos Estados Unidos desde o dia 7 de janeiro, dois dias antes da tentativa de golpe de estado bolsonarista. Ele foi para Orlando, mesma cidade para a qual Jair Bolsonaro fugiu.
A defesa de Anderson Torres disse que o documento não foi escrito por ele, mas não explicou porque ele não denunciou um plano golpista e criminoso. Não tendo denunciado, no mínimo, cometeu o crime de prevaricação.
“Não é de autoria do ex-ministro. Todos os dias tinha alguém que procurava propondo golpe, estado de sítio. Isso nunca foi levado ao presidente. A maior prova é que isso foi encontrado na casa dele”, disse o advogado Rodrigo Roca.
Através das redes sociais, Anderson Torres se pronunciou sobre o caso. Ele alegou que o documento “provavelmente” estaria em “uma pilha de documentos para descarte”. O ex-ministro reclamou que o documento foi tirado de contexto, mas também não explicou nada sobre o caso. Torres disse que no Ministério da Justiça deparou “com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos”. Segundo ele, a minuta golpista foi vazada “fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim”.
Torres, assim como seu advogado, não disse qual a autoria do plano golpista, porque o manteve em sua própria casa ou porque deixou de denunciá-lo, à época, às autoridades policiais.