Celular de Anelise Hauagge também armazenou dados sobre urnas e adversários políticos, entre os quais o deputado André Janones
As vivandeiras golpistas atuaram freneticamente para fechar a democracia e dar cabo do Estado de Direito, antes, durante e depois das eleições, que deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
É o que evidencia operação da PF (Polícia Federal) que prendeu Filipe Martins, ex-assessor da Presidência durante o governo do ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PF), quando agentes da PF encontraram materiais e documentos que levantavam dúvidas sobre o processo eleitoral.
A reportagem é da revista Veja.
Esses, evidenciavam pressão sobre as Forças Armadas, registravam comentários sobre artigo da Constituição que autoriza o emprego de militares (GLO) e até informações sobre adversários políticos, entre os quais o deputado federal André Janones (Avante-MG).
CELULAR DA NAMORADA
Os documentos estavam armazenados no celular da namorada de Martins, Anelise Hauagge, que atuou em cargo comissionado no Ministério das Comunicações, entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023.
Ela, que não é investigada, se encontrava no momento das buscas e teve o aparelho submetido à “análise preliminar”, segundo os agentes registraram em relatório. A operação, chamada Tempus Veritatis, no dia 8 de fevereiro. Na ocasião, o ex-assessor foi preso preventivamente.
Ex-assessor para Assuntos Internacionais, Filipe Martins é investigado pela PF por ter “posição de proeminência nas tratativas jurídicas” e na elaboração de pareceres que embasariam medidas para reverter o resultado das eleições de 2022.
LISTA DE CONSIDERANDOS
De acordo com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, Filipe Martins apresentou a Bolsonaro, em novembro de 2022, um documento com uma lista de “considerandos” que elencavam interferências do Judiciário durante o governo do então presidente e, ao final, decretava a prisão de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), entre os quais Alexandre de Moraes.
Esse é o documento que teria sido apresentado por Bolsonaro, dias depois, aos três comandantes das Forças Armadas.
VIÚVAS DE 64
Chamou atenção a carta, cuja íntegra está no fim da matéria, encontrada no celular de Anelise. O documento faz uma espécie de arregimento de pessoas que se diriam inseguras e em dúvida em relação às eleições de 2022, com base em um suposto desequilíbrio no processo.
O texto aponta que a vitória de Lula coloca em jogo a “reputação de nossa Pátria” e questiona a segurança das urnas eletrônicas. Ao fim, pede “pacificamente”, mas “implorando”, a “ajuda de um poder moderador neutro para investigar e restabelecer a credibilidade da Democracia Brasileira”.
“Exerço aqui o dever de cidadão e peço ajuda às Forças Armadas, para que tragam credibilidade e isenção à investigação do processo eleitoral”, registra o documento, que seria assinado pelo então presidente.
A carta é encerrada com o alerta de que, se a dúvida sobre as eleições persistir, “não existirá ambiente de unificação no país”. O documento é datado de 5 de novembro de 2022.
ELA BLOQUEOU
Segundo os agentes, Anelise bloqueou o aparelho e se recusou a fornecer a senha ao ser informada que o telefone seria apreendido, já que havia “fundadas dúvidas que o aparelho também fosse utilizado” por Martins.
Ato contínuo, ela pegou o celular da mãe para, “possivelmente”, acessar os dados que ficam armazenados na nuvem (um banco de dados central que permite acesso remoto). Anelise chegou a ser advertida pelos policiais que poderia ser responsabilizada por estar impedindo a investigação, mas negou a iniciativa.
JANONES E CRACHÁ ATÉ 2026
Os agentes da PF também encontraram no telefone de Anelise levantamentos sobre dados cadastrais de opositores, como o deputado André Janones – ele se notabilizou durante a campanha de 2022 nas redes sociais, protagonizando uma série de embates com apoiadores de Jair Bolsonaro.
Nas buscas feitas no endereço, também foi encontrado um item curioso: crachá da Presidência da República em nome de Filipe Martins. Um detalhe não passou despercebido: a data de validade era 31 de dezembro de 2026, quando encerraria o mandato de Bolsonaro caso ele tivesse sido reeleito.
Isso, talvez, evidencie que Bolsonaro e assessores mais próximos davam como certo o golpe. Lêdo engano.
ÍNTEGRA DA CARTA
Declaração aberta de insegurança e dúvida sobre o processo eleitoral Brasileiro
“Eu, _____, brasileiro (a), portador do RG ___, venho por meio desta carta aberta expor minha insegurança e dúvida em relação ao processo Democrático da última eleição presidencial.
Essa insegurança se origina justamente de todo o histórico comprovadamente desequilibrado do processo eleitoral. Reforço a manobra jurídica que permitiu que um condenado por vários juízes, com base em provas reais, que deveria ser inelegível pela Lei da Ficha Limpa e inclusive de devolução de bilhões aos cofres públicos, fosse candidato ao cargo de Presidente da República. Somente este fato já justificaria uma ação. A reputação da nossa Pátria está em jogo.
Destaco a forma como defenderam a urna eletrônica como segura e inviolável, não permitindo a discussão sobre a necessidade de um mecanismo de auditoria física, como acontece nas maiores democracias do mundo e que atenderia à exigência constitucional de que a contagem do voto, como ato administrativo, observe o princípio da publicidade.
Sem falar na Censura estabelecida apenas a veículos, empresários e influenciadores de um dos lados do pleito, resultado em total desequilíbrio e falta de isonomia, pois claramente o que não valia pra um lado valia para o outro.
A maneira como foi conduzido o processo das campanhas gratuitas de rádio e TV, com evidente desequilíbrio nos julgamentos de direito de resposta, com permissão de fake news favoráveis a uma das candidaturas e com desequilíbrio no tempo utilizado nas rádios, sempre em benefício do mesmo candidato.
A indignação sobre a apuração das urnas, com centenas de casos matematicamente improváveis, com comportamento absurdamente fora da realidade racional e indicação tecnicamente crível de atividade algorítmica em determinados modelos de urnas.
Tudo isso me faz pacificamente, implorando ajuda de um poder moderador neutro para investigar e reestabelecer a credibilidade da Democracia Brasileira. Exerço aqui o dever de cidadão e peço ajuda às Forças Armadas, para que tragam credibilidade e isenção a investigação do processo eleitoral.
Se essa dúvida persistir não existirá ambiente de unificação no país.
Local _______ 05 de Novembro de 2022
Assinatura