A Polícia Federal avalia que mensagens trocadas pelo ex-ministro da Defesa, Braga Netto, e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, com aliados e militares na ativa são prova de que o antigo governo está envolvido com os ataques do dia 8 de janeiro.
Um ponto investigado é a mensagem enviada por Braga Netto para um assessor de Bolsonaro no dia 27 de dezembro, na qual ele sugere a possibilidade do governo Bolsonaro ser mantido apesar da derrota eleitoral. Braga Netto foi ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice de Jair Bolsonaro.
Depois do assessor Sérgio Rocha Cordeiro lhe perguntar sobre onde deveria deixar o currículo de uma mulher, Braga Netto respondeu que “se continuarmos, poderia enviar para a Sec. Geral. Fora isso vai ser foda”.
A investigação, segundo a PF, comprovou que o plano de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro foi colocado em prática, mas falhou “por circunstâncias alheias à vontade dos agentes”.
Em novembro, Mauro Cid conversou com o major das Forças Especiais do Exército, Rafael Martins de Oliveira, conhecido como Joe, e negociou o envio de R$ 100 mil para bancar a ida e permanência de manifestantes para Brasília no dia 15 de novembro, quando já pediam um golpe de Estado. Cid também se encontrou pessoalmente com Rafael.
A PF suspeita que membros das Forças Especiais, também chamados de “kids pretos”, que são treinados para operações de alto risco e sigilo, como casos de terrorismo, guerrilha, insurreição e outros, participaram da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro orientando a massa de bolsonaristas para a invasão das sedes dos Três Poderes. Eles aparecem em filmagens usando balaclavas.
Os investigadores vão questionar Mauro Cid sobre o pagamento de R$ 100 mil para os “kids pretos” e a relação disso com o 8 de janeiro, já que ele não comentou o assunto na delação premiada.
A PF apontou que militares da ativa e membros do governo Bolsonaro “estavam dando suporte material e financeiro para que as manifestações antidemocráticas permanecessem mobilizadas, visando garantir uma falsa sensação de apoio popular à tentativa de golpe”.
Quando fugiu para os Estados Unidos, Jair Bolsonaro depositou R$ 800 mil em uma conta para, de acordo com os investigadores, ter recursos para permanecer por lá caso o plano golpista, que envolvia o ataque do dia 8 de janeiro, desse errado.
O ex-presidente também recebeu em mãos um decreto que instalaria uma ditadura no país, ordenando a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrou em um despacho trechos do relatório da Polícia Federal que comprovam que Braga Netto usava o “gabinete do ódio” e estimulava ataques contra militares que tinham se posicionado contra o golpe de Estado.
O objetivo era “incitar outros militares a aderirem ao Golpe de Estado e por outro lado, atacar a imagem de militares que resistiam ao intento golpista”.
Para isso, foram produzidas mensagens com ataques contra o general Freire Gomes, que era comandante do Exército, e outros militares.
Contra Freire Gomes, foi compartilhado um texto que dizia: “Meu Amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”.