O pedido de busca e apreensão foi feito pela PF e expedido pela presidente do STF, Rosa Weber
A Polícia Federal apreendeu nesta terça-feira (18) um celular e um computador do casal Roberto Mantovani Filho e Andreia Mantovani.
Os dois acharam que podiam agredir verbalmente e incitar a violência contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que viajava à Roma para uma palestra em uma universidade italiana.
Alexandre de Moraes presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas eleições presidenciais e estava em Roma a trabalho. O casal que agrediu verbalmente o ministro e fisicamente o seu filho, prestou depoimento na delegacia da Polícia Federal em Piracicaba e negou a agressão.
Logo após os depoimentos foram feitas buscas na casa dos dois em Santa Bárbara D’Oeste. Todo o material apreendido foi lacrado e enviado para o delegado da PF em Brasília, que cuida do inquérito.
O pedido de busca e apreensão foi feito pela PF e expedido pela presidente do STF, Rosa Weber. Os agentes receberam ordem para recolher computadores, celulares e documentos. O mandado visou buscar e apreender evidências relacionadas aos fatos ocorridos no aeroporto da Itália.
Os incitadores e financiadores do golpe contra a democracia brasileira – e que planejaram a invasão e depredação dos Três Poderes em Brasília no 8 de janeiro – eram useiros e vezeiros em organizar agressões aos membros do Judiciário brasileiro quando estes estavam em serviço fora do país.
Na última sexta-feira (14), o grupo de brasileiros teria agredido Alexandre de Moraes no aeroporto internacional de Roma na Itália. Os envolvidos eram quatro integrantes de uma família de Santa Bárbara D’Oeste, interior de SP. O casal Roberto Mantovani Filho e Andréa Mantovani e o genro Alex Zanatta agrediram o ministro. O filho do casal, Giovani Mantovani, parece não ter concordado com os outros três.
Foi instaurado um inquérito policial para apurar acusações de agressão, ameaça, injúria e difamação. Segundo o Código Penal, os crimes praticados por brasileiros, embora cometidos no estrangeiro, ficam sujeitos à lei brasileira. A PF apura a denúncia de agressão à família do ministro do STF. Foi solicitada ajuda à polícia em Roma no sábado (15) para ter acesso às imagens das câmeras do aeroporto, em um acordo de cooperação internacional.
Na ocasião, Andreia Mantovani se aproximou do ministro e o chamou de “bandido, comunista e comprado”. Além dos xingamentos proferidos contra Moraes, o filho dele também teria sido agredido com um tapa por Roberto Mantovani. Após o episódio, os acusados embarcaram normalmente para o Brasil, mas, ao desembarcarem em Guarulhos, foram abordados pela PF.
A mensagem que se transmite com a abertura do inquérito é que o país manterá firme a vigilância em defesa da democracia. Ataques como o que ocorreu no aeroporto de Roma ultrapassam os crimes de ofensa e injúria e podem levar ao enquadramento como atentado ao estado democrático de direito. A interpretação é clara: o ministro representa uma instituição democrática e não se despe do cargo por estar fora do STF ou do Tribunal Superior Eleitoral.