
A Polícia Federal apreendeu R$ 1,8 milhão durante a segunda fase da Operação Decantação que investiga fraude em licitações e desvio de dinheiro na Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago).
A Operação mira o ex-governador de Goiás, José Eliton (PSDB). Ele foi vice de Marconi Perillo entre 2011 e 2018 e assumiu o governo em abril quando o titular se desincompatibilizou para concorrer às eleições.
A PF cumpre 8 mandatos de busca e apreensão e outros 5 de prisão desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (28).
Dirigentes da Saneago e agentes públicos são alvos de investigações. Parte dos recursos recebidos pela prestação de serviços à Saneago era repassada para o chefe de gabinete do então governador e apurou-se que José Eliton utilizou por diversas vezes um avião de propriedade de uma das empresas favorecidas pelos contratos com a estatal.

Nas buscas, a PF achou uma mala de dinheiro e armas na casa de casa de Gisella Silva de Oliveira Albuquerque, filha de Luiz Alberto de Oliveira, ex-chefe de gabinete do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Segundo a PF, há R$ 800 mil. No carro de Luiz Alberto foi encontrado R$ 1 milhão. Pai e filha estão presos
A Justiça determinou também o sequestro de 65 imóveis avaliados em R$ 35 milhões e o afastamento da função pública de dois servidores da Saneago.
A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 181 milhões em “saldos de contas bancárias e aplicações” de cinco investigados na operação. O valor é o equivalente a um contrato fechado em 2013 pela Saneago e a empresa Sanefer Construções e Empreendimentos, de Carlos Eduardo Pereira da Costa e Nilvane Tomás de Sousa Costa. Ambos foram presos.
Robson Borges Salazar, ex-diretor de gestão corporativa da Saneago, também foi preso.
A Operação desta quinta-feira é um desdobramento da primeira quando foram analisados os materiais apreendidos naquela fase, deflagrada em 2016, que “desarticulou célula criminosa responsável pelo desvio de cerca de R$ 4,5 milhões da Saneago”, diz a PF.
“Foi constatado que três empresas, de um único dono, foram beneficiadas em contratos junto à companhia de saneamento, mesmo com impedimentos fiscais e não sendo especialistas na prestação dos serviços demandados, o que indica direcionamento de licitação”, diz relatório da Polícia Federal.
De acordo com a PF, as investigações mostraram que as empresas também foram utilizadas para lavagem de dinheiro. “Uma vez que ficou comprovada transferência de valores da ordem de R$ 28 milhões entre o chefe de gabinete do ex-governador e a conta de uma das empresas”, assinala.
Os mandados da Operação foram todos expedidos pela 11ª Vara Federal de Goiás, em endereços de Goiânia e Aparecida de Goiânia.
O nome da operação, Decantação, é uma referência a um dos processos de tratamento de água distribuída à população, informa a PF.