
A delegada da Polícia Federal, Denisse Ribeiro, afirmou que Bolsonaro teve uma atuação “direta e relevante” para gerar desinformação contra o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas.
A informação está no relatório enviado ao Supremo tribunal Federal (STF), no dia 13 de setembro, no inquérito que apura fake news divulgadas por Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.
De acordo com a delegada, Bolsonaro aderiu “a um padrão de atuação já empregado por integrantes de governos de outros países”.
“Nesse aspecto específico, este inquérito permitiu identificar a atuação direta e relevante do Exmo. Sr. Presidente da República Jair Messias Bolsonaro na promoção da ação de desinformação, aderindo a um padrão de atuação já empregado por integrantes de governos de outros países”, diz a chefe do inquérito no relatório.
“Em resumo, a live presidencial foi realizada com o nítido propósito de desinformar e de levar parcelas da população a erro quanto à lisura do sistema de votação, questionando a correção dos atos dos agentes públicos envolvidos no processo eleitoral (preparação, organização, eleição, apuração e divulgação do resultado), ao mesmo tempo em que, ao promover a desinformação, alimenta teorias que promovem fortalecimento dos laços que unem seguidores de determinada ideologia dita conservadora“, prossegue.
A delegada observa no documento que os depoimentos tomados “permitiram verificar que o processo de preparação e realização da live foi feita de maneira enviesada, isto é, procedeu-se a uma busca consciente por dados que reforçassem um discurso previamente tendente a apontar vulnerabilidades e/ou possíveis fraudes no sistema eleitoral, ignorando deliberadamente a existência de dados que se contrapunham a narrativa desejada, quase todos disponíveis em fontes abertas ou de domínio de órgãos públicos”.
“Em resumo, a live presidencial foi realizada com o nítido propósito de desinformar e de levar parcelas da população a erro quanto à lisura do sistema de votação, questionando a correção dos atos dos agentes públicos envolvidos no processo eleitoral (preparação, organização, eleição, apuração e divulgação do resultado), ao mesmo tempo em que, ao promover a desinformação, alimenta teorias que promovem fortalecimento dos laços que unem seguidores de determinada ideologia dita conservado”, assinalou.
Bolsonaro atacou as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sem apresentar qualquer prova contrária.
Em agosto, ele chamou a imprensa ao Palácio da Alvorada para dizer que apresentaria provas das supostas falhas nas urnas, mas somente repercutiu notícias falsas e vídeos já desmentidos.
Na semana seguinte, o ministro Alexandre de Moraes decidiu incluir essa conduta no inquérito sobre fake news que já tramita no STF.
Bolsonaro aparece no inquérito como investigado. Ao fim da apuração, a PF deve enviar o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se denuncia os investigados formalmente à Justiça.