A Polícia Federal (PF) confirmou que são falsas as mensagens de WhatsApp atribuídas ao general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que contribuíram para sua demissão da Secretaria de Governo em junho de 2019.
A apuração feita pela Diretoria de Combate ao Crime Organizado da PF não conseguiu identificar a autoria das mensagens, embora tenha concluído pela falsidade do diálogo entre o então ministro e um interlocutor não identificado.
O conteúdo continha críticas a Jair Bolsonaro, a um dos seus filhos e a uma pessoa identificada como “Fábio”.
A mensagem falsa foi levada ao presidente Jair Bolsonaro por Fabio Wajngarten, chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom).
A imagem, com registro de 6 de maio de 2019, mostra uma troca de mensagens que teria ocorrido um dia depois de Santos Cruz ter se reunido com Bolsonaro em meio a uma onda de críticas do guru dos bolsonaros, Olavo de Carvalho, aos militares do governo.
O interlocutor pergunta: “General, como foi lá ontem? Resolveu?”. A resposta é: “Nada. Ele ficou insistindo no vídeo”, escreve o número atribuído ao então ministro. “Mas eu disse na cara dele que isso era coisa do desequilibrado do filho dele e do frouxo do Fabio”, referindo-se a Carlos Bolsonaro, que avalizava os ataques de Carvalho, e supostamente ao chefe da Secom.
Desde o primeiro momento Santos Cruz afirmou que o diálogo era falso e pediu investigação da Polícia Federal. Segundo o general, tudo não passava de armação. “Um negócio falso, fake, montado. Isso aqui é um caso de investigação. É absolutamente falso e criminoso”, disse na ocasião.
“O desqualificado que fabricou o diálogo falso, aonde eu seria um dos interlocutores, falando do presidente, famílias, Fábio e do vice-presidente, cometeu um crime absurdamente mal feito, pois o print da tela revela que o ‘diálogo’ foi no dia 6 de maio, dentro do horário que eu estava voando de Brasília para São Gabriel da Cachoeira-AM”, afirmou em maio.
Em junho, o general foi demitido por Bolsonaro.
Em entrevista, em outubro, Santos Cruz criticou a atuação na internet das milícias digitais bolsonaristas.
“Aquilo ali é um grupo que se comporta como uma gangue, uma gangue de rua, uma milícia digital, uma gangue de rua que se transfere para dentro da internet. Não me impressiono com isso, aquilo ali não me afeta em nada, já tive muito tiroteio real na vida, não vai ser tiroteio de internet que vai me fazer ficar preocupado”, disse o general.
“Isso que acontecia, esse trabalho de gangues digitais, aquilo é bem perceptível, você percebe que é uma coisa planejada”, assinalou Santos Cruz.