Operação Armistício investiga propina de R$ 4 milhões da Odebrecht para os senadores
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Armistício, que investiga o recebimento de vantagem indevida por senadores, em 2012, durante a chamada guerra fiscal nos portos brasileiros. Entre os investigados estão os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros (MDB) e o ex-senador Gim Argello, todos da base de apoio dos governos Lula e Dilma.
O pagamento de propinas, de cerca de R$ 4 milhões, foi realizado pela empreiteira Odebrecht, que tinha interesse na edição de uma resolução no Senado sobre o tema. A resolução beneficiou a Braskem, braço petroquímico da empreiteira.
Os policiais federais cumprem nove mandados de busca e apreensão, dos quais sete em São Paulo, um em Santos (SP) e um em Campo Limpo Paulista (SP). A ação foi autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação faz parte de um inquérito, já aberto no Supremo, que investiga Romero Jucá (MDB-RR). No entanto, ele não é alvo direto da ação desta quinta, que tem como objeto pessoas que também se beneficiaram da resolução aprovada no Senado.
Segundo a PF, o senador recebeu ilegalmente R$ 4 milhões da Odebrecht. No entanto, o ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, declarou em depoimento que os repasses a Jucá somam R$ 15 a R$ 16 milhões e que ele é o político com o qual tinha maior relacionamento. “Ele tinha atenção pela empresa, e resolvia os assuntos”, disse.
A Procuradora-Geral da República confirma que os pagamentos indevidos foram mencionados nos depoimentos de delatores da empreiteira, incluindo Marcelo Odebrecht. Documentos revelam que os pagamentos foram feitos em espécie e se iniciaram logo após a aprovação da matéria no Senado, o que aconteceu em 24 de abril de 2012.