O ex-assessor de Arthur Lira (PP-AL) flagrado pela PF recebendo dinheiro do esquema dos kits de robótica era membro de um grupo de Whatsapp chamado “Robótica Gerenciamento”.
Segundo inquérito da PF, a quebra dos sigilos telefônico e telemático do ex-assessor Luciano Cavalcante mostram que o grupo “Robótica Gerenciamento” era integrado por ele, Roberta Lins Costa Melo, sócia da Megalic, empresa que vendeu os kits superfaturados, e outras quatro pessoas.
O grupo de WhatsApp reforça a participação de Cavalcante no esquema de corrupção, com dinheiro desviado do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Seu motorista, Wanderson Ribeiro Josino de Jesus, foi filmado pela PF recebendo dinheiro do esquema criminoso no estacionamento do hotel em que Cavalcante estava hospedado em Brasília.
Cavalcante foi alvo de uma operação de busca e apreensão.
Em um dos endereços alvos da busca e apreensão da operação da PF foram encontrados R$ 4,4 milhões em dinheiro vivo num cofre.
Até segunda-feira (5), Luciano Cavalcante estava lotado como assessor do PP na Câmara, tendo um salário de R$ 14,7 mil. Ele mora em Maceió.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
A corrupção na venda dos kits de robótica para escolas públicas começa com a fraude em processos licitatórios para favorecer a Megalic, que conseguiu um sobrepreço de R$ 11,3 mil por unidade dos kits. A Megalic comprou os kits a R$ 2,7 mil cada unidade e os revendeu ao poder público por R$ 14 mil.
A Megalic fez pagamentos para uma empresa de Pedro e Juliana Salomão. Os dois faziam saques em bancos e casas lotéricas em Brasília para repassar o dinheiro para os outros membros da organização criminosa.
Pedro foi filmado entrando no carro do motorista de Luciano Cavalcante com uma sacola cheia de dinheiro. Quando saiu do carro, a sacola estava vazia.
Momentos antes, Pedro havia sacado dinheiro em uma agência bancária.
“Pelas imagens, é possível perceber que os investigados permanecem no interior do veículo (…) por menos de 1 minuto. Neste momento, segundo o relato do policial, é possível afirmar que Pedro Magno [Salomão] deixa ‘pacotes de dinheiro’ no porta-luvas do veículo Corolla preto”, relatou a PF.
Depois de pegar o dinheiro, Wanderson de Jesus sobe até o apartamento em que Luciano Cavalcante estava hospedado.
Pelo WhasApp, Luciano Cavalcante e Pedro Salomão estavam conversando intensamente durante a operação. A quebra dos sigilos telefônico e telemático do ex-assessor mostram que os dois se ligaram 51 vezes.
“A hipótese aventada aqui é que o casal Pedro e Juliana sejam especializados na prática de crimes de lavagem de capitais, ocultando e dissimulando bens, direitos e valores provenientes de desvios de recursos públicos das mais variadas naturezas e oriundos de diversos entes públicos, possibilitando o retorno do capital aos autores dos delitos antecedentes, com alguma aparência de licitude”, apontou a PF em relatório.