A Polícia Federal apresentou à Justiça, na quarta-feira (16), um laudo pericial indicando que as reformas no sítio em Atibaia (SP), de propriedade de Luiz Inácio Lula da Silva, mas em nome de laranjas, foram bancadas com o dinheiro do departamento de propinas da Odebrecht.
O laudo é referente à análise feita nos sistemas usados pela empreiteira para gerenciar o pagamento de propinas. Neles, uma planilha registra gastos da empreiteira, que são atribuídos pelos investigadores às reformas no imóvel. O documento contribui para confirmar o depoimento do engenheiro da obra, Emyr Costa Junior.
O engenheiro, um dos 77 funcionários da empresa a fazer acordo de colaboração premiada, entregou ao Ministério Público Federal (MPF), em novembro de 2017, uma planilha de pagamentos do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht no valor de R$ 700 mil para custear as reformas no imóvel. Essa contabilidade foi localizada pela perícia da PF nas contas de propina da empresa.
O laudo foi anexado ao processo da Operação Lava Jato que investiga se Lula é o dono oculto do sítio. Lula é acusado de ter sido beneficiado por reformas no sítio, feitas pelas empreiteiras Odebrecht, OAS e pelo pecuarista José Carlos Bumlai, avaliadas em R$ 1,05 milhão.
Segundo a PF, quatro entradas de recursos que somam R$ 700 mil tiveram como origem um “caixa único”, abastecido por recursos oriundos de diversas obras, inclusive do projeto Aquapolo e da Petrobrás, tanto no Brasil como no exterior.
Ainda de acordo com os peritos, o valor tem como origem a obra “UO011203 – AQUAPOLO” – a mesma origem que aparece na planilha entregue por Emyr.
Os peritos dizem que tanto o dinheiro das obras do Aquapolo, quanto os recursos de contratos da Petrobrás, foram utilizados para geração de recursos e foram repassados para um caixa único, gerenciado pelo departamento de propina.