“A ‘Operação Libertação’ tem o objetivo de instalação de bases policiais permanentes, de forma a retirar mais de 20 mil garimpeiros do território yanomami”, diz a PF
A PF (Polícia Federal) e as Forças Armadas deflagraram nesta sexta-feira (10) uma operação conjunta para destruição de aeronaves e maquinários do garimpo na terra dos yanomamis. A ação, que recebeu o nome de “Operação Libertação”, tem o objetivo de instalação de bases policiais permanentes, de forma a retirar mais de 20 mil garimpeiros do território.
Além da PF e das ForçasArmadas, a operação envolve agentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e da Força Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. O foco na primeira fase é destruir equipamentos de logística que garantem o funcionamento do garimpo.
De acordo com a Polícia Federal, para impedir o garimpo ilegal, os agentes devem trabalhar em duas frentes: a inutilização da infraestrutura que sustenta o crime e a busca por provas. “O foco neste momento é interromper a prática criminosa e proporcionar a total e efetiva retirada dos não indígenas da região, preservando os direitos humanos de todos os envolvidos”, diz PF. “A operação integrada teve início nesta semana e permanecerá em andamento até o restabelecimento da legalidade na terra yanomami”, destaca a PF, na nota.
Membros das polícias militares e integrantes da Forças Armadas desembarcaram em Boa Vista na quarta-feira (8), para a iniciar as ações na terra indígena. A PF e as Forças Armadas usam helicópteros do tipo Black Hawk, com capacidade para transportar mais de dez policiais cada um, uma aeronave considerada ideal por forças policiais para esse tipo de ação. A operação planeja garantir o funcionamento de bases policiais no território. Essas bases devem permanecer por meses no território e serão operadas por policiais da Força Nacional. A operação logística das bases caberá ao Exército.
“A operação integrada teve início nesta semana e permanecerá em andamento até o restabelecimento da legalidade na terra yanomami”, aponta a PF. Também nesta sexta (10), a PF deflagrou em Boa Vista (RR) uma operação para cumprir oito mandados de busca e apreensão em endereços de suspeitos de integrar uma organização criminosa de lavagem de dinheiro a partir do comércio ilícito de ouro.
A operação já está sendo realizada com o espaço aéreo da região controlado pela FAB (Força Aérea Brasileira). Foi dado início a um controle do espaço aéreo a partir do dia 1º de fevereiro. Cinco dias após o início do bloqueio, houve uma flexibilização deste controle, para permitir a fuga de invasores. A FAB anunciou a criação de três corredores aéreos para a saída voluntária dos invasores.
O ministro da Defesa José Mucio Monteiro afirmou que existe a preocupação de “não prejudicar inocentes”, em referência a garimpeiros em fuga da terra yanomami. “Têm pessoas que trabalham no garimpo para se sustentar. Têm mulheres, têm crianças. Têm alguns que estão trabalhando pelo seu sustento”, disse Mucio. Além de destruir o maquinário usado no garimpo, a operação apoia a saída dos garimpeiros da região.
“Não vamos conseguir resolver isso numa semana. Temos ações e planos a médio prazo, a longo prazo. São ações que vão durar seis meses, um ano”, disse na quarta a ministra Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas.
As estimativas falam que ao menos 20 mil garimpeiros estejam na Terra Indígena Yanomami. A ação dos criminosos causou uma crise humanitária sem precedentes no território. São pouco mais de 30 mil yanomamis na área que deveria, por lei, ser preservada. No entanto, tem sofrido com o avanço do garimpo ilegal, que só em 2022 cresceu 54%. Os yanomamis não tinham mais como beber água por conta da sua contaminação com mercúrio, usado no garimpo.
As ações de planejamento são realizadas no Centro de Comando e Controle da operação Libertação, localizado na Superintendência Regional da Polícia Federal em Roraima para permitir a atuação, de maneira integrada, dos órgãos envolvidos na ação. A operação faz parte das ações de repreensão ao garimpo ilegal na terra dos yanomamis. Na última quarta-feira (8), a força-tarefa do governo federal destruiu um avião, um trator de esteira e estruturas usadas pelos garimpeiros no apoio logístico da atividade.