O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a Polícia Federal está dando prosseguimento ao inquérito e realizando diligências sobre as joias que Jair Bolsonaro recebeu de “presente” da Arábia Saudita e escondeu da Receita Federal.
“Temos diligências ocorrendo neste instante. Há pessoas sendo ouvidas todos os dias”, informou o ministro do governo Lula, nesta segunda-feira (13), durante evento que participou em São Paulo.
Jair Bolsonaro está sendo investigado pela PF por ter recebido objetos de luxo que recebeu de “presente” do governo da Arábia Saudita, e que foram escondidos da Receita Federal, e ter tentado recuperar ilegalmente outro pacote avaliado em R$ 16,5 milhões que foi retido pela alfândega.
Segundo Flávio Dino, “em algum momento, como investigado, o ex-presidente da República será intimado a prestar depoimento. Caso ele não compareça, nasce uma situação nova em que poderá ou não ter o acionamento dos mecanismos de cooperação internacional”.
Jair Bolsonaro está desde o dia 30 de dezembro de 2022 nos Estados Unidos. Com o escândalo das joias, o ex-presidente poderá passar ainda mais tempo do que o planejado fora do Brasil.
“Nós estamos diante de fatos que têm prova documental, imagens, filmes, ofícios, papéis. E também poderá ocorrer prova pericial. Temos outras pessoas sendo ouvidas, testemunhas. É possível concluir o inquérito independentemente de ele ser ouvido ou não. Mas eu espero que ele compareça e seja ouvido, pois é um direito dele como investigado”, continuou o ministro Flávio Dino.
Em 2021, a Receita Federal identificou e reteve um pacote de joias avaliado em R$ 16,5 milhões, enquanto um outro pacote, com abotoaduras, um relógio, um anel e um rosário islâmico, foi escondido e entrou ilegalmente no país.
As peças foram trazidas pelo ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, de uma viagem que fez para a Arábia Saudita em nome de Jair Bolsonaro.
As peças que entraram escondidas da Receita Federal foram entregues a Jair Bolsonaro, conforme provam recibos. Quando o caso começou a surgir, o ex-presidente disse que nunca ouviu falar de joias e peças de luxo que teria recebido de presente, mas agora já admite estar com elas.
Na segunda-feira (13), a defesa de Jair Bolsonaro informou à Polícia Federal que o ex-presidente vai devolver o segundo pacote de joias, que recebeu ilegalmente depois de esconder da Receita Federal.
O Tribunal de Contas da União (TCU), por outro lado, deve reverter a decisão do ministro Augusto Nardes que permitiu a Jair Bolsonaro ficar com o relógio e as outras peças.
O caso do pacote que ficou retido pela Receita Federal demonstra o interesse que Jair Bolsonaro tinha nas joias que recebeu de “presente” da Arábia Saudita.
Depois de tentar driblar a fiscalização e entrar com um pacote avaliado em R$ 16,5 milhões, através do então ministro Bento Albuquerque, Jair mobilizou as Forças Armadas, o gabinete presidencial e três ministérios para tentar recuperar as joias para si.
No dia 29 de dezembro, um dia antes de viajar para os Estados Unidos, Bolsonaro enviou, com um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), um membro de sua Ajudância de Ordens para Guarulhos com o objetivo único de recuperar as joias milionárias.
Seu ajudante de ordens mentiu para o servidor da Receita Federal que o atendeu e apresentou documentos assinados pelo gabinete presidencial para tentar driblar as regras da RF.
Até mesmo o chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, envolveu-se no caso e tentou convencer, ilegalmente, o servidor da alfândega de Guarulhos a liberar o pacote.