Operação autorizada pelo STF apura corrupção passiva, ativa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral. Segundo o ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, Fernando Bezerra e o filho receberam R$ 5,538 milhões em propinas das empreiteiras
A Polícia Federal deflagrou na manhã da quinta-feira (19) uma operação no Congresso Nacional tendo como alvo o líder de Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e o filho dele, o deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE).
A operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com 52 mandados de busca e apreensão. As acusações são de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral.
De acordo com a autorização da operação, a acusação é de que o senador Fernando Bezerra Coelho e o filho receberam juntos R$ 5,538 milhões em propinas das empreiteiras.
A apuração, iniciada em 2017, teve como base, mas não somente isso, colaborações premiadas firmadas no âmbito da Operação Turbulência, deflagrada em junho de 2016.
Um dos colaboradores da Justiça é o empresário João Lyra, apontado em investigações como operador financeiro de esquemas criminosos em Pernambuco.
As denúncias apontam irregularidades em obras no Nordeste, como a transposição do Rio São Francisco, no período em que Bezerra foi ministro da Integração Nacional, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, que é relator do caso e autorizou as buscas, diz que a PF juntou “elementos de prova que indicaram o recebimento, ao menos entre 2012 e 2014, de vantagens indevidas pelos investigados, pagas por empreiteiras, em razão das funções públicas por eles exercidas”.
“Os colaboradores narraram, em síntese, que participaram do pagamento sistemático de vantagens indevidas ao senador Fernando Bezerra de Souza Coelho e a seu filho, o deputado Fernando Bezerra de Souza Coelho Filho, por determinação das empresas OAS, Barbosa Mello SA, SA Paulista e Constremac”, diz Luís Barroso em seu despacho.
Segundo a PF, a investigação também constatou que dívidas pessoais de autoridades, principalmente relativas às campanhas eleitorais, foram pagas pelas empresas ora investigadas.
A operação apura ainda o uso de empresas de fachada, controladas pelos colaboradores, na lavagem de dinheiro de empreiteiras e no pagamento de propinas a políticos.
Desde fevereiro, Bezerra Coelho é líder do governo de Bolsonaro no Senado. De 2011 a 2013, foi ministro da Integração Nacional na gestão de Dilma Rousseff (de 2011 a 2013). Fernando Coelho Filho foi ministro de Minas e Energia no governo de Michel Temer (de 2016 a 2018).